O que gera os furacões do Pacífico Leste?

Não é mais novidade que a monção da África é importante para a gênese dos furacões na bacia do Atlântico. No entanto, no Pacífico Leste é comum a formação de ciclones tropicais que atingem a categoria de furacão. Entenda aqui os fatores que contribuem para a ciclogênese tropical no Pacífico Leste.

Ciclone tropical visto da estação espacial internacional
Ciclone tropical visto do espaço.

Em outros artigos do tempo.com, já foi apresentada as razões que contribuem para a formação dos furacões na bacia Atlântica durante o verão do Hemisfério Norte.

Os ciclones tropicais recebem nomeações diferentes dependendo do local do mundo em que se originam. No Pacífico Norte Ocidental, são conhecidos pelo nome de tufão, enquanto no Pacífico Sul e Índico são chamados pelo próprio nome técnico: ciclone tropical. No Atlântico Norte e Pacífico Oriental, os ciclones tropicais são denominados furacões.

Se a monção norte-africana tem importância na gênese dos furacões na bacia Atlântica, quais fatores são relevantes na formação dos furacões do Pacífico Leste? Antes de explanar sobre isso, é importante lembrar que a sazonalidade altera o padrão da circulação geral da atmosfera, modificando a estrutura dos sistemas de monção, intensidade dos ventos alísios, posição da zona de convergência intertropical etc.

O cavado de monção

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) compreende um eixo alongado de confluência em superfície no trópico dos ventos alísios de nordeste (Hemisfério Norte) com os ventos alísios de sudeste (Hemisfério Sul) e, por isso, se trata de uma região tempestuosa.

Mas em algumas partes do mundo como no Pacífico Leste Tropical, ao longo do verão boreal, a ZCIT perde uma das suas características mencionadas acima, deixando de ter ventos de sudeste ao sul de seu eixo para ter ventos de sudoeste. A região da ZCIT que apresenta este comportamento recebe o nome de cavado de monção, e os ventos de sudoeste são denominados monção de sudoeste.

A ciclogênese tropical é favorecida no cavado de monção, uma vez que os ventos alísios de nordeste sopram em direção oposta a monção de sudoeste. Esta mudança de direção dos ventos ao longo do eixo do cavado de monção é importante para produzir giros.

A rotação embebida no cavado de monção reforça a convergência, os movimentos ascendentes e consequentemente as tempestades. Na medida em que o sistema se intensifica, pode se desprender do eixo do cavado de monção para originar uma depressão tropical (estágio inicial de um ciclone tropical).

Sob condições favoráveis da temperatura da superfície oceânica, baixo cisalhamento vertical do vento e atmosfera úmida e instável, a depressão atinge o estágio de tempestade tropical. No entanto, caso o sistema continue a se intensificar, se transformará em um furacão.

O cavado de monção pode ser considerado um dos fatores primários na geração dos furacões do Pacífico Leste, enquanto os demais fatores importantes para a intensificação como águas quentes, baixo cisalhamento etc são secundários.

Em 2015, um dos El Niños mais fortes já registrados foi fundamental para fazer um giro no cavado de monção do Pacífico Leste se transformar em poucos dias em um furacão de categoria máxima, nomeado de Patrícia na época. O furacão Patrícia foi o ciclone tropical mais forte da história nesta parte do Pacífico e com uma taxa de intensificação raramente observada.

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Mais recentemente, outro giro no cavado de monção originou a tempestade tropical Amanda no dia 30 de maio. A circulação remanescente dela atravessou a América Central e o sul do México, se reorganizando na tempestade tropical Cristobal sobre águas Atlânticas no Golfo do México. Cristobal agora se move para o norte ao longo do golfo, com previsão de landfall na costa da Louisiana nos Estados Unidos neste domingo. A temporada oficial de furacões no Pacífico Leste iniciou no dia 15 de maio e termina em 30 de novembro.