O que é 'vibração atmosférica induzida', uma das razões consideradas para o apagão na Europa
As causas primárias do apagão começam a ser consideradas, e uma delas tem a ver com as condições meteorológicas que estão ocorrendo no interior da Península Ibérica. Embora seja um fenômeno raro e complexo, ele existe e tentaremos explicá-lo.

Após a energia elétrica começar a ser restaurada nos países europeus afetados pelo apagão ontem (28), surgiram as primeiras teorias sobre a causa desse desastre histórico. Inicialmente, não havia especulações sobre possíveis boicotes ou ataques cibernéticos, e na tarde da segunda-feira (28) a explicação compartilhada por técnicos foi de uma "forte flutuação" no sistema elétrico europeu.
Ao longo da tarde de ontem, a agência de noticias Reuters noticiou que a operadora portuguesa REN apontou um fenômeno meteorológico como o gatilho para o apagão: a 'vibração atmosférica induzida'. Nas últimas horas de ontem, o site El País confirmou que fontes da agência portuguesa negaram essa influência.
A explicação meteorológica estava alinhada a um problema conjunto, com condições climáticas particulares e estruturas elétricas. A frequência das forças atmosféricas poderia ter coincidido com a frequência de ressonância do cabo, produzindo vibrações intensas nele. Em casos extremos, isso pode levar à quebra de material, falhas na conexão dos cabos ou até mesmo, como neste caso, grandes desconexões.
O efeito coroa e a meteorologia
As primeiras investigações sugerem que as linhas de alta tensão que operam perto do seu limite de “início de coroa” entraram em ação. Isso se refere ao ponto em que o campo elétrico ao redor de um condutor de alta tensão se torna forte o suficiente para ionizar o ar ao redor, criando uma coroa — que pode se manifestar como faíscas — e falhas que podem se propagar pela rede. A meteorologia também está entre os motivos que podem causar esse tipo de problema.
Outro fator é o design do cabo. A forma e o diâmetro dos cabos, bem como o acabamento da sua superfície (liso, áspero ou envelhecido), influenciam a intensidade do campo elétrico e o limiar para o início do efeito coroa mencionado anteriormente.
Como dissemos, a meteorologia também entra em jogo, pois depende das condições ambientais. Umidade, pressão atmosférica e contaminação associada à poluição, brisas marítimas, etc., podem afetar a ionização do ar e, portanto, a facilidade com que ocorre a descarga da coroa.
E um terceiro está ligado à tensão da linha. Quanto maior a voltagem, maior o gradiente elétrico na superfície dos fios e, portanto, maior a probabilidade de ocorrência de coroa.
As circunstâncias que envolveram o grande apagão às 12h32 exigirá mais investigação; por enquanto, a influência da meteorologia sobre o assunto permanece em questão.
Foi pedido às pessoas que evitem viajar, usem celulares apenas para chamadas breves, evitem serviços de emergência sobrecarregados e sigam as informações oficiais. O apagão interrompeu o tráfego ferroviário, deixou muitas pessoas presas em elevadores e os hospitais tiveram que recorrer a geradores de energia. Além da Espanha e Portugal, Andorra, França, Alemanha e Itália também parecem ter sido afetadas.
Referência da notícia
Implementación de un modelo a escala para el estudio del efecto corona y medición de sus pérdidas según diversas condiciones y calidad del aire. 2015. Rodrigo Fernando sabaj Saavedra.