Morte de corais indica que Terra ultrapassou primeiro ponto de não-retorno climático

    Relatório Global Tipping Points 2025 alerta que perda irreversível dos recifes de corais marca início de nova era climática, com impactos em milhões de vidas e ecossistemas marinhos.

    Branqueamento de corais na lagoa da Ilha Lady Elliot da Grande Barreira de Corais • Rebecca Wright/CNN
    Branqueamento de corais na lagoa da Ilha Lady Elliot da Grande Barreira de Corais . Crédito: Rebecca Wright/CNN

    A Terra pode ter ultrapassado o primeiro ponto de não-retorno relacionado às mudanças climáticas, segundo o relatório Global Tipping Points 2025, divulgado recentemente. O documento destaca o colapso dos recifes de corais em águas quentes como o primeiro sinal concreto de uma transformação climática irreversível.

    Produzido por 160 cientistas de mais de 20 países, o relatório afirma que o planeta já está vivendo uma "nova realidade climática". A morte acelerada dos corais é apontada como a mudança mais alarmante até agora — embora não seja a única.

    "Já com um aquecimento global de 1,4 °C, os recifes de corais de águas quentes estão ultrapassando seu ponto de inflexão térmico", alerta o relatório. Isso significa que os corais estão sofrendo perdas sem precedentes, com impactos diretos sobre milhões de pessoas que dependem desses ecossistemas para alimentação, turismo e proteção costeira.

    Colapso dos recifes: perdas irreversíveis à vista

    Entre 2023 e 2025, os recifes de águas quentes registraram os piores níveis de branqueamento da história. Esses ecossistemas, que abrigam cerca de 25% das espécies marinhas do planeta, estão entre os mais vulneráveis ao aquecimento global.

    O relatório mostra que o ponto de inflexão térmica dos corais — estimado em 1,2 °C acima dos níveis pré-industriais — já foi ultrapassado. E, se não houver uma contra ofensiva climática rigorosa, o limite superior de 1,5 °C pode ser atingido na década seguinte, tornando impossível a recuperação desses sistemas naturais.

    Mesmo sob os cenários mais otimistas, que preveem a estabilização do aquecimento em 1,5 °C, os cientistas afirmam que há mais de 99% de chance de que os recifes não se recuperem. A perda comprometeria não só a biodiversidade marinha, mas também serviços ecossistêmicos essenciais, como a pesca e a proteção contra tempestades.

    Outros pontos de inflexão se aproximam

    Além dos corais, o Global Tipping Points 2025 aponta outras regiões do planeta em risco iminente. Entre elas, o derretimento acelerado das calotas de gelo polares e a degradação da Amazônia, causada pela combinação de secas severas e desmatamento.

    Os cientistas alertam que a maioria desses pontos de não-retorno tende a amplificar ainda mais o aquecimento global, criando um ciclo vicioso difícil de conter. “Essas mudanças tornam mais difícil o retorno a níveis mais seguros de aquecimento”, conclui o relatório.

    O documento é um novo chamado urgente à ação global. Para os autores, conter o avanço das mudanças climáticas exigirá medidas mais ambiciosas e imediatas, tanto na redução das emissões quanto na proteção dos ecossistemas que ainda resistem.

    Referências da notícia

    CNN Brasil. Com morte de corais, mundo ultrapassa 1º ponto de não-retorno climático. 2025

    EcoDebate. Morte de corais é o primeiro ponto de não retorno climático ultrapassado. 2025