Março de 2024 foi o décimo mês consecutivo mais quente já registrado, afirma Copernicus

O Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo em nome da Comissão Europeia e com financiamento da UE, publica regularmente boletins climáticos mensais que informam sobre as alterações observadas nas temperaturas globais do ar e do mar à superfície, cobertura de gelo marinho e variáveis hidrológicas.

A nova atualização mostrou que o mês de março de 2024 foi o mais quente já registrado no mundo, estendendo a série de registros mensais de temperatura para 10 meses consecutivos. Parece notícia repetida mas não é!

Este recorde marca o décimo mês consecutivo em que as temperaturas foram mais altas do que nunca registadas para a respectiva época do ano, depois de em fevereiro também ter batido o antigo recorde em um décimo de grau.

O último mês foi globalmente mais quente do que qualquer março anterior no registro de dados, com uma temperatura média do ar à superfície de 14,14°C, cerca de 0,73°C acima da média de março de 1991-2020 e 0,10°C acima do máximo anterior estabelecido em março de 2016.

Segundo a Copernicus, o recorde de março era esperado. O El Niño, que começou em junho passado e atingiu o pico em dezembro, tem adicionado calor à atmosfera por meio da queima de combustíveis fósseis.

O El Niño é o culpado da história?

Por enquanto, as tendências de aquecimento a longo prazo ainda são bastante consistentes com as expectativas, e a maioria dos investigadores ainda não acredita que o clima tenha entrado numa nova fase.

De acordo com Samantha Burgess, a equipe ainda está tentando compreender porque a situação mudou tão drasticamente em meados do ano passado, e por quanto tempo esta situação irá continuar, se é uma mudança de fase ou se é uma mudança nas tendências climáticas a longo prazo.

Embora os cientistas não tenham certeza de como as condições no Pacífico irão evoluir, as previsões atuais sugerem que ela poderá ser substituída por uma fase fria completa do La Niña ainda este ano. Esse arrefecimento da superfície do mar levaria normalmente a uma queda temporária nas temperaturas globais do ar, mas resta saber exatamente como isso irá evoluir.

As temperaturas começaram a bater recordes por uma margem particularmente grande por volta de setembro de 2023 e, nessa altura, o El Niño ainda estava em desenvolvimento, por isso não é possível explicar todo o calor extra.

A temperatura média global da superfície do mar em Março entre 60°S e 60°N foi de 21,07°C, o valor mensal mais elevado alguma vez registado, ligeiramente acima dos 21,06°C registados em fevereiro deste ano.

Todas as descobertas reportadas baseiam-se em análises geradas por computador e de acordo com o conjunto de dados ERA5, utilizando milhares de milhões de medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo.