Julho em chamas: Copernicus confirma o 3º mês mais quente da história; calor global dispara alarmes
Julho de 2025 foi o terceiro mais quente da história, com 1,25°C acima da média pré-industrial e recorde de 50,5°C na Turquia, reforçando a sequência inédita de meses quentes que pressiona saúde, economia e políticas climáticas.

O termômetro da Terra disparou mais uma vez. Dados recém‐divulgados pelo Copernicus Climate Change Service (C3S) confirmaram que julho de 2025 foi o terceiro mais quente já medido, com temperatura média global 1,25°C acima da era pré‐industrial, mantendo uma sequência de 12 meses de calor recorde em série.

Por trás dessa estatística oficial há fatos que mexem com a imaginação: o C3S também registrou a maior temperatura já observada na Turquia, de 50,5°C, ao passo que o solo superaquecido de partes da América do Norte, sul da Europa e norte da África virou cenário de trilhos entortando e aeroportos fechados. Nas redes, esses números ganharam manchetes sobre “recorde mundial de calor”, transformando ciência climática em conversa diária.
O que os números revelam
A marca de 16,68°C de temperatura média global em julho pode soar abstrata, mas é o subproduto de um contexto impressionante: nos 12 meses encerrados em julho, a Terra ficou 1,53°C acima da era pré-industrial, superando de forma simbólica o limite de 1,5°C do Acordo de Paris. Mesmo com o fim do El Niño, cientistas não esperam trégua, já que a concentração de CO₂ continua subindo.

Não se trata de um pico isolado. Janeiro e abril de 2025 também foram os mais quentes para seus respectivos meses, consolidando 2025 como forte candidato a ocupar o pódio dos anos mais quentes já medidos. A leitura é clara: o planeta entrou numa nova faixa térmica, onde extremos se tornam comuns e a conta recai sobre infraestrutura, saúde pública e segurança alimentar.
Quando o calor vira manchete (e meme)
Estados em chamas, estradas derretendo e fontes públicas lotadas compuseram a iconografia do calor em julho. Um único mês rendeu:
- Recorde absoluto de 50,5°C na Turquia, primeiro registro acima de 50°C no país;
- Alertas de saúde em três continentes, com hospitais sobrecarregados por insolação;
- Fotos de asfalto cedendo na Sicília e no Texas;
- Vídeos virais de turistas dentro de fontes em Paris e de alimentos fritando no capô de carros no Kuwait;
- Incêndios florestais de grande escala no Canadá e na Sibéria, com fumaça visível por satélite.
Tais imagens viajaram rápido porque misturam choque visual, preocupação e um toque de humor que convida ao compartilhamento. Para o público brasileiro, o cenário gera empatia imediata: basta lembrar o apagão de calor no Sudeste em 2023 ou o “verão de 45°C” no Rio de Janeiro para sentir que o problema é global, mas também doméstico.
Brasil na linha de frente do aquecimento
Embora o recorde mundial pareça distante, seus reflexos já se fazem sentir por aqui. Nas últimas semanas, a Amazônia entrou na estação seca com rios 40 cm abaixo do nível esperado e risco elevado de queimadas; ao mesmo tempo, frentes frias extremas no Sul provocam geadas fora de época, ilustrando a instabilidade de um clima “desregulado”.
Internamente, o desafio é duplo: reduzir emissões, 48% vêm de desmatamento e agropecuária, e adaptar cidades a picos de calor. Projetos de “ilhas de frescor” com plantio de árvores urbanas em São Paulo e Belém ganham fôlego, assim como debates sobre teto verde nos programas Minha Casa Minha Vida.
Ao mesmo tempo, ONGs pressionam pelo fim dos subsídios a combustíveis fósseis, argumentando que cada grau extra intensifica enchentes na Serra Gaúcha e seca no Semiárido. Se a comunidade internacional cobra exemplo do país que abrigará a COP30 em Belém, a temperatura recorde de julho serve de lembrete: a janela para ação está se fechando, e o calor bate à porta de todos.
Referências da notícia
July 2025 was among the hottest on record, climate data shows. 6 de agosto, 2025. Reuters.
Global 2m air temperature: ERA5 daily data. Climate Pulse. 5 de agosto, 2025. Copernicus Climate Change Service.