Infecção pelo HPV na região anal atinge mais da metade dos jovens brasileiros entre 16 e 25 anos

Estudo brasileiro recente mostra que mais da metade dos jovens entre 16 e 25 anos, com vida sexual ativa, apresentam infecção pelo papilomavírus humano (HPV) na região anal. A prevalência entre as mulheres é maior. Queda das coberturas vacinais preocupa diante deste cenário.

doença HPV
A infecção pelo vírus HPV na região anal atinge 52% dos jovens, entre 16 a 25 anos, que já iniciaram sua vida sexual. Cobertura vacinal segue baixa.

Dados de um estudo recente ganharam as manchetes trazendo uma preocupação grand: 52% dos jovens entre 16 e 25 anos, que já iniciaram a vida sexual, apresentam infecção pelo papilomavírus humano (HPV) na região anal. A pesquisa, liderada pelo Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS) foi divulgada pela Folha.

O estudo

Segundo a reportagem da Folha, os dados do estudo de infecção pelo HPV no ânus não estão diretamente relacionados ao sexo anal. Pode ser uma questão de proximidade das regiões. No caso das mulheres, aquelas que não realizam sexo anal tinham taxas de infecção na região parecidas com taxas de infecção da região genital.

A infecção por HPV está associada a 90% dos casos de câncer de ânus, um tipo de tumor que vem aumentando em vários países nas últimas décadas - Folha

Cabe reforçar que a o HPV não traz riscos somente para câncer de colo de útero. A infecção pelas cepas de alto risco em outras regiões, como a anal, também pode trazer riscos para câncer nesses locais.

Riscos de câncer

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), as cepas 16 e 18 do HPV são responsáveis por 70% dos cânceres de colo do útero e lesões precursoras (ou pré-cancerígenas).

O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres que vivem em regiões menos desenvolvidas do mundo. Estimativas apontam que cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer relacionado ao HPV, entre 2023 a 2025

Uma das principais formas de prevenção é através do rastreio pelo exame preventivo, bem como a vacinação, que é disponibilizada pelo SUS para meninos e meninas entre 9 a 14 anos.

Vacinas como prevenção

Segundo a Agência Brasil, desde 2014, o governo disponibiliza a vacina quadrivalente (contra as cepas 9, 11, 16 e 18) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para meninos e meninas entre 9 a 14 anos.

Ensaios clínicos e vigilância pós-comercialização mostraram que as vacinas contra o HPV são muito seguras e muito eficazes na prevenção de infecções por HPV - OPAS

No entanto, as coberturas vacinais para essa vacina vem caindo nos últimos anos, trazendo riscos para aumento de cânceres evitáveis no país. Segundo a Agência Brasil, os níveis são ainda menores entre os meninos.

Desinformação segue alta

Infelizmente, muitos pais e tutores deixam de vacinar as crianças contra esse vírus em função da desinformação que permeia essa discussão. Vacinar as crianças contra o HPV não tem como finalidade estimular o início precoce da vida sexual.

É importante reforçar que a idade de vacinação recomendada (entre 9 e 14 anos) é voltada pra imunizar antes do início da vida sexual, em que, após o início, o risco de exposição ao vírus acaba sendo maior.

O vírus

O papilomavírus humano (HPV) engloba um conjunto de vírus que podem provocar lesões nas áreas expostas à ele, como a região oral, genital, anal e na uretra. Sua transmissão predominante é pela via sexual, sendo considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST).

O HPV é transmitido principalmente por contato sexual. A maioria das pessoas é infectada logo após o início da atividade sexual - Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)

    Existem cepas do vírus que podem trazer um alto risco para cânceres, como é o caso das cepas 16 e 18, por exemplo. Entre os mais de 100 tipos de HPV, pelo menos 14 são considerados de alto risco, segundo a OPAS.

    Sinais e sintomas

    Segundo a página do Ministério da Saúde, as primeiras manifestações da infecção pelo HPV podem aparecer entre 2 a 8 meses, ou até décadas, dependendo do indivíduo (por exemplo, se existe algum grau de imunossupressão no indivíduo) e da dinâmica da infecção. O diagnóstico é feito por exames laboratoriais e clínicos.

    Lesões clínicas:

    • Verrugas (ou condilomas) na região genital e anal, únicas ou múltiplas de tamanhos variáveis. Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira local;
    • Podem acometer a vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (em especial, na região da glande), bolsa escrotal e região pubiana. Também pode acometer a região oral, nasal, laríngea e conjuntivas.