Fogo para evitar incêndios? Uma técnica utilizada para prevenção

Os incêndios vão ganhando cada vez mais destaque com a chegada do período mais seco do ano. Mas com a falta de chuva, como combater as queimadas? Faz sentido usar o fogo nessa batalha contra os incêndios? Descubra aqui.

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Técnica de queimadas controladas são utilizadas antes da chegada do período mais seco para evitar maiores incêndios.

As queimadas se tornam ainda mais preocupantes com a chegada do período mais seco do ano. A falta de chuva, as altas temperaturas, os baixos índices de umidade relativa do ar, e até mesmo os ventos, diversas variáveis que podem provocar e alastrar os focos de incêndio.

Os números mal começaram a aumentar e ainda assim, comparados ao mesmo período do ano passado, já se destacam pelo aumento em algumas regiões do Brasil. No estado do Amazonas houve um aumento de 93% comparado a 2021. Segundo o banco de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), desde o início do ano até agora foram registrados 2.717 focos de incêndio no Cerrado Brasileiro.

No combate contra esses incêndios que conseguem destruir até mesmo uma floresta, plantações em fazendas, e até casas, muitas técnicas podem ser utilizadas, desde que feitas por profissionais. A maioria pensa que para evitar os incêndios é preciso água, chuva, solo úmido, frio, mas o que poucos imaginam é que o fogo é utilizado para evitar incêndios. Como isso é feito? Saiba aqui.

Fogo para evitar incêndios?

Mesmo que muitos imaginem que o fogo é um grande vilão quando se trata do meio ambiente, quando utilizado da maneira correta e por profissionais, ele pode ser uma arma poderosa para evitar incêndios. Pois é, brigadistas utilizam a técnica de queima controlada antes mesmo da chegada da estiagem.

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A grande preocupação com a chegada do período mais seco é o número de focos de queimadas que aumenta subtancialmente.

A queima controlada é feita antes da chegada do período mais seco, quando fica mais difícil controlar as chamas, com o objetivo de reduzir a quantidade de material inflamável disponível, ou seja, capim e folhas secas, que pegam fogo rapidamente. Essa técnica vem chamando a atenção especialmente no Cerrado, mas com tendência de ser aplicada também em outros biomas importantes como o Pantanal e até mesmo áreas de savana na Amazônia.

Colocar fogo propositalmente é crime, mas essa técnica leva em consideração diversos fatores que precisam ser pensados com antecedência no manuseio desse fogo.

Isso porque as chamas devem ser aplicadas em diferentes áreas, uma por vez, para que não leve risco para os animais que vivem ali e para que a vegetação também consiga se regenerar a tempo.

Queimas prescritas

Atualmente, cerca de 37 unidades de conservação no Brasil já usam essa técnica de queima controlada, segundo o órgão ambiental federal Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

É importante ressaltar que esse tipo de técnica não é aplicado em qualquer local e vegetação, pois cada uma tem suas propriedades e sentirão o dano de maneira distinta. É o caso das florestas tropicais como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, que são mais úmidos e as queimadas não são tão comuns, ou seja, a queima controlada pode causar um dano até maior.

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No Brasil, no entanto, esse tema é complexo e gera discussões, pois existem diversas iniciativas para desencorajar esse uso tradicional de queimadas devido a associação que é feita com a degradação ambiental. Para João Morita, coordenador de Prevenção e Combate a Incêndios do ICMBio, essa técnica “É uma quebra de paradigma”.

A prática já reduziu a incidência de grandes incêndios na Serra Geral do Tocantins, na Serra da Canastra (MG), na Chapada das Mesas (MA) e na Chapada dos Guimarães (MT).

As queimas prescritas ajudaram inclusive no episódio de incêndios que atingiram a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, no ano de 2021. Elas evitaram que o grande incêndio chegasse às áreas de uso público, segundo Morita.

No Cerrado, a técnica começou a ser utilizada em 2014 e em 2021, passou a ser testada no Pantanal. Morita ressalta que a vegetação do Pantanal tem 70% de similaridade com a do Cerrado, ou seja, a queima controlada se torna uma possível ferramenta para combater os incêndios catastróficos que têm afetado o bioma.