Extremos de chuva, calor e seca: confira os eventos climáticos mais impactantes de 2023 no Brasil

As consequências das mudanças climáticas estão batendo na porta! 2023 foi o ano mais quente da história, além de registrar recordes de acumulados de chuva. Confira os eventos extremos marcantes de 2023.

Eventos extremos no Brasil
Em 2023 tiveram recordes de acumulado de precipitação, seca histórica, ondas de calor e tempestade de poeira. Confira alguns dos eventos extremos que marcaram este ano. Fotos: Adobe/Maurício Tonetto/Reuters/Redes Socias.

O ano de 2023 entrou para a história do Brasil como o mais quente já registrado, com meses seguidos de recordes de temperaturas, seca na Amazônia e altos acumulados de precipitação de na região Sul.

Este ano foi marcado pelas altas temperaturas em boa parte do Brasil. Na tarde de 19 de outubro, o município de Aragarças, em Goiás, registrou o recorde de maior temperatura, atingindo 44,2°C e foi considerada a sua maior temperatura da história.

Os eventos climáticos extremos de 2023

Segundo a Defesa Civil Nacional, mais da metade dos 5.568 municípios brasileiros foi afetada por fenômenos extremos em 2023. Cerca de 2.797 cidades decretaram estado de emergência ou calamidade por causa de desastres naturais.

Seca histórica na Amazônia

Regiões do estado do Amazonas registraram neste ano os menores índices de chuva, no período de julho a setembro, dos últimos 40 anos, segundo dados do Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Morte de botos, isolamento de comunidades, falta de água, dificuldades com transporte, interrupção na produção de energia e problemas de saúde, marcaram este período de seca extrema na região Norte.

Um dos afluentes afetados foi o Rio Madeira, pois o baixo nível dificultou o acesso à assistência médica, isolando as aldeias indígenas. Além disso, o ano letivo de escolas ribeirinhas em Manaus foi encerrado mais cedo devido a falta de navegabilidade dos rios, já que os rios estavam praticamente secos.

Seca na Amazônia
Imagem à esquerda: Rio Negro cheio na comunidade Tumbira (Crédito: Lucas Bonny / Tadeu Rocha) e imagem à direita: Rio Negro na mesma comunidade porém durante a seca deste ano (Crédito: Divulgação/FAS).

A capital amazonense, Manaus, registrou a sua pior seca em 121 anos, com o Rio Negro marcando 13,59 metros, o menor registro desde 1902, quando as medições começaram a ser realizadas. A ultima vez que o Rio Negro chegou a um patamar tão baixo, foi em outubro de 2010 quando atingiu 13,63 metros.

Esta seca histórica foi causada pelo aquecimento elevado das águas do oceano Atlântico Tropical Norte, que é responsável por inibir a formação de nuvens. Por isso a situação de chuvas muito abaixo da média e os rios no seu nível mínimo ou abaixo do mínimo. Acredita-se que até o primeiro semestre de 2024 teremos impacto no leste e norte da Amazônia, devido a seca histórica do ano de 2023.

Manaus foi engolida por uma tempestade de poeira

Uma cortina de poeira encobriu a cidade de Manaus no dia 5 de novembro, quando os prédios ficaram encobertos e a visibilidade ficou bastante reduzida. Os ventos atingiram a velocidade de 70,4 km/h e as equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros foram acionadas para atender ocorrências de destelhamento de casas, devido aos ventos fortes.

Além disso, o temporal criou uma verdadeira “tempestade de poeira”, que foi provocada por uma combinação de ventos fortes, areia, desmatamento e ar muito seco.

Ou seja, além da seca histórica, a cidade foi atingida por uma fumaça que veio das queimadas em vários pontos da Região Norte do Brasil. Dessa vez, junto com a fumaça das queimadas, que pairou sobre a capital amazonense por mais de uma semana, a areia encobriu prédios e prejudicou a visibilidade.

Foi uma junção de vários aspectos! Uma crise provocada pelas queimadas, cuja temporada começa em agosto, e agravada pela seca histórica que atingiu o Rio Negro nos últimos meses, além do calor intenso provocado pelo El Niño.

Alto acumulado de precipitação no Sul do Brasil

No dia 4 de setembro de 2023, a passagem do ciclone extratropical causou tempestades intensas na região Sul do país, com altos acumulados de chuva, rajadas fortes de vento, além da queda de granizo.

Entre setembro e junho e setembro, o Rio Grande do Sul registrou quase 70 óbitos por causa dos temporais, e um dos municípios mais afetados foi o de Muçum que teve o maior numero de mortes entre os municípios do estado com 15 óbitos.

Milhares de famílias ficaram desabrigadas, e mais de 85% da cidade foi atingida pelas águas, fazendo com que moradores precisassem ser resgatados em cima de telhados e forros de casas. Cerca de 2.984 pessoas ficaram desalojadas, 1.650 desabrigados e 70 municípios foram afetados no estado do Rio Grande do Sul.

Entre os dias de 30 de agosto e 3 de setembro foram registradas chuvas superiores a 50 mm na porção oeste da região Sul do país, com destaque para Foz do Iguaçu (PR) com 188 mm e Passo Fundo (RS) com 106 mm. Na estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) localizada em Cruz Alta (RS), foi registrado o acumulado de 160,8 mm entre 4 de setembro e 5 de setembro.

E em novembro o acumulado de precipitação em Porto Alegre superou a média climatológica. De acordo com o INMET, a estação meteorológica da capital do RS já registrou 209 mm até o dia 13 de novembro, superando a média de 105 mm para o mês de novembro. Estes foram apenas alguns dos eventos mais impactantes de 2023!