COP27: estamos rumo a um inferno climático e precisamos de ações urgentes

A COP27 começou neste domingo no Egito. Líderes mundiais de mais de 120 nações terão até o dia 18 de novembro para discutir e negociar planos e ações concretas para evitar a crise climática do planeta.

COP27 Egito
A COP27 começou neste domingo em Sharm el-Sheikh, Egito, e se estenderá até o dia 18 de novembro. Imagem: Divulgação/ COP27.

A 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, começou neste domingo (6) em Sharm el-Sheikh, no Egito, com um maior senso de urgência comparado às edições dos anos anteriores, principalmente devido ao eventos climáticos extremos que deixaram marcas profundas no mundo neste ano.

Desde a primeira COP realizada em Berlim, Alemanha, em 1995, líderes, pesquisadores, empresas, ONGs e outros membros da sociedade civil de diversas nações são convidados para discutir os desafios climáticos e a formulação de políticas internacionais, a fim de limitar o aumento da temperatura do planeta. Neste ano, mais de 40 000 participantes se registraram e mais de 120 líderes mundiais comparecerão na COP, o que reflete o senso de urgência da edição deste ano.

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A COP27, que terminará no dia 18 de novembro, colocará como prioridade nas negociações três pautas: a drástica redução das emissões de gases de efeito estufa; ajudar os países na preparação de planos de mitigação/adaptação às mudanças do clima; e a garantia de financiamento e apoio técnico para os países em desenvolvimento participarem desses planos.

Estamos em uma estrada rumo a um inferno climático, com o pé no acelerador - disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Apenas 25 dos quase 200 países participantes das negociações da COP27 apresentaram seus planos nacionais ambiciosos de redução de emissões prometidos durante a COP26 realizada no ano passado em Glasgow, na Escócia. De acordo com os coordenadores da edição deste ano, a CO27 será sobre sair das negociações e promessas e partir para o planejamento e implementação desses planos.

Em discurso feito nesta segunda-feira (07) na COP27, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, afirmou que a humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer. Para ele é necessário estabelecer um “Pacto de Solidariedade Climática ou um Pacto de Suicídio Coletivo”. Guterres também destacou que após décadas de negociações climáticas, os avanços não foram suficientes para salvar o planeta: as emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo, as temperaturas globais subindo e o planeta se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível.

Alerta da OMM na COP27: últimos 8 anos serão os mais quentes

No domingo (06), primeiro dia da COP27, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou um relatório alertando que os últimos oito anos estão a caminho de serem os oito mais quentes já registrados, alimentados por concentrações cada vez maiores de gases de efeito estufa e grande calor acumulado.

De acordo com o documento “Estado Provisório do Clima Global 2022” da OMM, a temperatura média global em 2022 poderá ser cerca de 1,15°C acima da média do período pré-industrial (1850 a 1900). O relatório ainda ressalta que o longo período de La Niña que vivemos manteve as temperaturas globais relativamente “baixas” nos últimos dois anos, embora mais altas do que o último evento de La Niña significativo de 2011. Portanto, é apenas uma questão de tempo até que haja outro ano mais quente já registrado.

As concentrações dos principais gases de efeito estufa — dióxido de carbono, metano e óxido nitroso — mais um vez atingiram níveis recordes em 2021, o aumento anual da concentração de metano foi o maior já registrado. Os dados das principais estações de monitoramento desses gases já mostram que as concentrações continuam a aumentar em 2022.

“Já é tarde demais para muitas geleiras e o derretimento continuará por centenas, senão milhares de anos, com grandes implicações para a segurança hídrica. A taxa de aumento do nível do mar dobrou nos últimos 30 anos. Embora ainda medimos isso em termos de milímetros por ano, isso soma meio a um metro por século e isso é uma grande ameaça a longo prazo para muitos milhões de habitantes costeiros e países de baixa altitude ”, disse o secretário-geral da OMM, Prof Petteri Taalas.