Chernobyl: o local do desastre pode se transformar em um gigante parque eólico

Um projeto idealizado por uma empresa alemã e outra ucraniana pretende transformar Chernobyl em um grande parque eólico, para fornecer eletricidade a cerca de 800 mil residências em Kiev e região.

Usina Nuclear de Chernobyl
Imagem aérea da Usina Nuclear de Chernobyl abandonada, em 2007. Crédito: Vadim Mouchkin/IAEA.

Todo mundo já deve ter ouvido no desastre de Chernobyl, não é mesmo? Em abril de 1986, a Usina Nuclear de Chernobyl foi palco do pior acidente nuclear da história, quando houve a explosão de um reator. O acidente afetou cerca de 8,4 milhões de pessoas direta e indiretamente.

Com a concretização do projeto, o local em Chernobyl se tornará um dos maiores parques eólicos do interior da Europa, podendo produzir 1.000 megawatts de energia eólica, abastecendo 800 mil casas em Kiev e região próxima.

O local, que virou uma zona de exclusão, agora poderá ter uma nova função: a Ucrânia quer transformá-lo em um parque eólico gigante, e fazer da região um centro de geração de energia 'verde'.

O desastre de Chernobyl

O desastre de Chernobyl foi um acidente nuclear catastrófico que ocorreu em 26 de abril de 1986 no reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, na cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia. O que ocorreu foi a explosão do reator RBMK número quatro da central nuclear de Chernobyl. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), o reator ficou fora de controle durante um teste de baixa potência e gerou um incêndio que demoliu o edifício e liberou grandes quantidades de radiação para a atmosfera.

Parque de diversão abandonado em Pripyat
Parque de diversão na cidade abandonada de Pripyat, Ucrânia, onde aconteceu o desastre de Chernobyl. Crédito: Calflier001/Flickr.

Conforme o relatado pela National Geographic, a temperatura no interior do reator atingiu 4.650 graus Celsius antes de explodir. A força da explosão, equivalente a 66 toneladas de trinitrotolueno (TNT), destruiu o telhado do edifício de 20 andares, todo o interior do núcleo do reator e liberou ao menos 28 toneladas de substâncias altamente radioativas na atmosfera. Isso fez com que o local e áreas próximas fossem evacuadas, transformando a região em uma zona de exclusão.

O acidente deixou milhares de mortos, de forma direta devido à explosão e à alta contaminação no local, e indireta, a longo prazo, devido ao desenvolvimento de câncer pela exposição à radiação e ao consumo de alimentos contaminados.

E como está hoje?

37 anos após o acidente, o reator 4 destruído e os restos dos resíduos nucleares estão seguros, protegidos sob uma grande estrutura colocada por cima deles para confiná-los. Segundo a IAEA, em 2022, haviam 2.700 pessoas empregadas na região de Chernobyl, a maior parte delas vivendo em Slavutych, uma cidade-satélite construída em 1986, a 50 quilômetros do epicentro da catástrofe, com o objetivo de abrigar os sobreviventes da tragédia. A cidade de Pripyat, onde ficava a usina, segue abandonada.

A criação de um Parque eólico em Chernobyl

A Ucrânia quer transformar as ruínas de Chernobyl em um parque eólico gigante, capaz de fornecer energia elétrica para cerca de 800 mil residências em Kiev e região. O projeto envolve o país e a empresa alemã NOTUS Energy. Além de deixar os combustíveis fósseis para trás, o projeto também ajudará a Ucrânia a se tornar mais independente na questão energética.

A NOTUS, juntamente com o governo ucraniano e a operadora do sistema de transmissão Ukrenergo, assinou uma declaração conjunta de intenções para o desenvolvimento de uma "fazenda eólica" na zona de Chernobyl. Com esse documento, eles concordam com a implementação do projeto, que inclui: a averiguação da infraestrutura de rede existente, a identificação de áreas potencialmente adequadas e uma avaliação do impacto ambiental.

Parque eólico Beesenberg II, em Brandemburgo, Alemanha
Parque eólico Beesenberg II, da NOTUS, em Brandemburgo (Alemanha). Crédito: NOTUS Energy.

"Um parque eólico dessa magnitude contribuiria significativamente para a expansão das energias renováveis na Ucrânia e fortaleceria a independência e a descentralização do abastecimento de energia ucraniano", afirmou Hannes Helm, diretor-geral da NOTUS.

A NOTUS destaca que o projeto é importante por três principais motivos: a capital Kiev fica a 150 quilômetros de Chernobyl, o que significa que a energia poderia ser entregue diretamente à região metropolitana; a construção e operação do parque daria um futuro promissor à zona de exclusão; e ainda aproveitaria totalmente a infraestrutura já existente lá. "No meio da guerra de agressão russa contra a Ucrânia, a área afetada pelo acidente nuclear ocorrido quase 40 anos atrás pode se tornar um símbolo de energia limpa e amiga do clima, fornecendo eletricidade verde para Kiev", salientou a empresa alemã.