Calor e tempo seco prejudicam as lavouras brasileiras

As altas temperaturas e a baixa umidade no solo tem prejudicado lavouras em todo o centro-norte do país, sinalizando situação difícil para o início da safra 2020/2021 de soja, café e outras culturas.

Calor e tempo seco prejudicam as lavouras brasileiras
Lavouras de vários Estados brasileiros enfrentaram problemas devido às altas temperaturas e baixa umidade do solo.

A última semana entra para a história do Brasil, após uma onda de calor extremamente forte quebrar recordes de temperatura em todo o país. Para os agricultores, a situação adversa já está causando problemas no início da safra 2020/2021.

No Mato Grosso do Sul, muitos produtores de soja continuam com as atividades de plantio interrompidas devido à falta de chuva na região e o calor excessivo, que ameaçam estragar as sementes.

Por enquanto não há necessidade de replantio, mas se as chuvas não retornarem na segunda quinzena de Outubro, os produtores podem perder as sementes plantadas, que já começam a germinar.

Já em Minas Gerais, a situação das lavouras de café continua preocupante. No Cerrado Mineiro, não chove de maneira expressiva desde Março. A falta de chuva e as altas temperaturas ameaçam fazer com que a safra atual seja pior que a de 2019.

As últimas chuvas registradas na região, apesar de pouco expressivas, abriram a florada em parte das lavouras. Com o tempo seco, parte destas áreas pode não se desenvolver de maneira satisfatória.

A situação também é ruim para produtores que trabalham com áreas irrigadas, pois as temperaturas altas prejudicam o desenvolvimento do café após a florada. A situação se torna ainda mais agravante porque o Brasil carece de estoque de café para cobrir baixa produtividade.

A produção de trigo sulamericana também pode ser prejudicada pelas altas temperaturas. Na Argentina, a falta de chuvas faz com que cerca de metade das lavouras esteja em situação regular a ruim, e menos de um décimo das lavouras está em situação excelente, cenário que indica um grande déficit na produção do país.

Outras culturas também devem ser prejudicadas. O grande calor e a baixa umidade acumulada no solo podem abortar o floramento de parte das lavouras de laranja. As áreas de cana-de-açúcar instaladas nos últimos meses também podem acabar perdendo soqueiras.

Com a consolidação das previsões de La Niña este ano, no entanto, a tendência é que as temperaturas fiquem mais amenas ao longo desta safra. Alguns dos impactos conhecidos do La Niña são a redução das temperaturas no centro-sul do Brasil e o aumento na incidência de chuvas no extremo norte do país.

Ainda assim, o fenômeno só deve começar a agir efetivamente no clima brasileiro dentro de alguns meses. Sendo assim, o La Niña não influencia diretamente as condições meteorológicas extremas de Setembro e não deve ajudar a mudá-las tão cedo.