Buraco de ozônio de 2019 pode ser o menor em décadas
No Dia Internacional de Preservação da Camada de Ozônio o mundo foi agraciado com uma excelente notícia: o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica observado nesse ano pode ser o menor registrado em três décadas!

Ontem, 16 de setembro, foi comemorado o Dia Internacional de Preservação da Camada de Ozônio, ou, Dia Mundial do Ozônio! O tema desse ano foi ‘32 years and healing’ (32 anos e recuperação), em homenagem aos 32 anos da grande cooperação internacional de proteção à camada de ozônio, o Protocolo de Montreal, e a crescente recuperação da camada de ozônio observada nos últimos anos!
Para presentear os esforços feitos nesses 30 anos, cientistas divulgaram dados que mostram que o buraco da camada de ozônio formado sobre a Antártica nesse ano pode ser um dos menores vistos nas últimas três décadas! De acordo com o Serviço de Monitoramento da Atmosfera do programa Copernicus da União Europeia, o buraco desse ano não se abriu da maneira que normalmente ocorre, seu tamanho está bem menor, bem abaixo da metade da área normalmente observada em meados de setembro.
The @CopernicusEU #Atmosphere Monitoring Service is celebrating World #OzoneDay by staying on duty tracking 2019's oddball #OzoneHole.
— Copernicus ECMWF (@CopernicusECMWF) September 16, 2019
This animation compares it to every year since 1979, showing the variation over time.
Full update️ https://t.co/x8j0ldxfkw pic.twitter.com/AXskVzOqJm
Este marco tem sido comemorado dada a importância que a camada de ozônio tem para a manutenção da vida terrestre, nos protegendo dos nocivos raios ultravioletas (UVs), que podem causar câncer de pele e outros prejuízos à saúde. Mas também porque ele evidencia a importância e o potencial dos esforços e comprometimento global em reverter cenários climáticos prejudicais ao planeta.
A história do buraco de ozônio
Em 1976, cientistas britânicos que trabalhavam na estação Halley de pesquisa na Antártica pensaram que seus instrumentos estavam com mal funcionamento quando eles começaram a registrar baixas quantidades de ozônio na estratosfera. Os registros eram feitos desde 1957 e nunca havia sido registrado um nível tão baixo.
Today, the #CopernicusAtmosphere Monitoring Service forecasts a rapid decrease in the size of the #OzoneHole over the next 5 days.
— Copernicus ECMWF (@CopernicusECMWF) September 8, 2019
It could thin enough to 'close', which has never happened this early in the year. #WatchThisSpace for updates as we track this unprecedented event pic.twitter.com/X9jjr7YtAF
A princípio esse registro não causou grandes preocupações, já que as concentrações de ozônio realmente variam durante as estações do ano, mas a cada ano que passava eles registravam novos recordes de concentração mínima durante o período de setembro, outubro e novembro. Somente a partir de 1985 os cientistas descobriram que esse fenômeno era fruto das atividades humanas, já que os principais vilões eram os compostos químicos chamados clorofluorcarbonetos (CFCs), que passaram a ser usados nos anos 60 em aparelhos refrigeradores, latas de aerossol e produtos industriais, capazes de quebrar as moléculas de ozônio da estratosfera.
Em 16 de setembro de 1987 foi estabelecido então o Protocolo de Montreal, que firmava o compromisso de 150 países em proibir a produção e uso dos CFCs a fim de recuperar a camada de ozônio. A partir disso, os níveis de ozônio estabilizaram-se em meados dos anos 90 e começaram a se recuperar nos anos 2000.
O buraco de ozônio de 2019
Na semana passada o buraco na camada de ozônio cobria pouco mais de 5 milhões de km², uma área muito menor àquela registrada nesse mesmo período do ano passado, que passava de 20 milhões de km² e bem menor que a registrado em 2006, de 27 milhões de km², o maior já registrado.
The @CopernicusEU #Atmosphere Monitoring Service is keeping its eyes on factors that might be driving #2019's unusually small #OzoneHole.
— Copernicus ECMWF (@CopernicusECMWF) September 7, 2019
This animation shows one of those influences: unusually warm temperatures in the stratosphere over #Antarctica from 1 August to yesterday. pic.twitter.com/GYVBdKOlH3
Apesar de sabermos que os compromissos estabelecidos pelo protocolo de Montreal têm gerado resultados satisfatórios, não podemos afirmar que o recorde desse ano seja um resultado direto do protocolo. Nesse ano a destruição do ozônio estratosférico, embora tenha começado mais cedo que o normal, foi interrompida por um súbito aquecimento das temperaturas na estratosfera da ordem de 20 a 30 °C, desestabilizando o processo de destruição e formação do buraco de ozônio. Portanto, o que observamos foi a combinação de um evento dinâmico atmosférico com a contribuição dos esforços do Protocolo de Montreal.