Retirada de árvore em cartão-postal de Manaus gera revolta e divide opiniões sobre a perda de biodiversidade
Imagens do corte de uma árvore isolada na orla de Ponta Negra viralizaram nesta semana, gerando críticas sobre a gestão das áreas verdes em cartões-postais da cidade.

O corte de uma árvore de grande porte na orla da Ponta Negra, zona oeste de Manaus, transformou-se no centro de um intenso debate ambiental nos últimos dias. O que antes era um refúgio de sombra no estacionamento de um centro comercial tornou-se o epicentro de críticas e questionamentos por parte de moradores e ambientalistas. Através das redes sociais, imagens da retirada do exemplar circularam rapidamente, gerando uma onda de indignação sobre o desaparecimento de símbolos da flora amazônica no cenário urbano da capital.
Muitos internautas e frequentadores do local relataram que a espécie suprimida seria uma samaúma, árvore considerada sagrada por povos indígenas e famosa por suas dimensões colossais, que podem atingir a máxima de 60 metros de altura. Além de sua relevância espiritual e medicinal, a espécie desempenha um papel fundamental no conforto térmico da cidade, especialmente em uma região onde a temperatura média costuma ser elevada durante todo o ano.
Conflito entre o patrimônio natural e a segurança
A revolta popular baseia-se na afirmação de que aquele seria o último exemplar remanescente de uma vasta área verde que outrora cobria a Praia de Ponta Negra. Entretanto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) apresentou uma justificativa técnica para a intervenção. Segundo a pasta, a árvore já não possuía sinais vitais, apresentando um quadro de óbito fisiológico irreversível.
Em nota oficial, os técnicos da secretaria detalharam o estado do vegetal. A administração municipal afirmou que a medida foi necessária para evitar acidentes. Durante a vistoria, foram identificados desprendimento avançado da casca, exposição do lenho, ausência de tecido cambial ativo e necrose generalizada dos ramos. A supressão foi considerada a medida tecnicamente indicada diante do risco iminente à segurança.
Diagnóstico fitossanitário e normas urbanas
A decisão de autorizar o corte baseou-se em uma análise detalhada da saúde da planta. Especialistas explicaram que a perda de resistência mecânica dos galhos gerava o perigo de quedas espontâneas sobre pedestres e veículos. De acordo com o plano diretor de arborização urbana, a supressão de uma árvore isolada é permitida quando a recuperação é inviável, priorizando a proteção da população e do patrimônio.
Apesar da explicação técnica, para muitos críticos, a quantidade de árvores preservadas em áreas comerciais da cidade é insuficiente para combater as ilhas de calor. O caso serve como um alerta para a necessidade de um monitoramento preventivo que evite que exemplares históricos cheguem ao ponto de morte fisiológica, garantindo que o desenvolvimento urbano não ocorra à custa do desaparecimento total da floresta dentro da metrópole.
Referências da notícia
Corte de árvore centenária na Ponta Negra gera debate e repercussão em Manaus. 23 de dezembro, 2025.