Amazonia-1: primeiro satélite 100% brasileiro lançado para o espaço

O Amazonia-1 é o primeiro satélite de desenvolvimento 100% nacional a ser colocado no espaço! Esse novo satélite fornecerá aos pesquisadores brasileiros imagens e atualizações mais frequentes a respeito do desmatamento e atividade agropecuária, principalmente sobre a Amazônia.

satélite Amazonia-1
O satélite Amazonia-1 foi lançado com sucesso ao espaço nesse domingo (28) a bordo do foguete indiano PSLV-C51. Imagem: INPE.

O primeiro satélite de observação da Terra a ser completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil, o Amazonia- 1, foi lançado ao espaço com sucesso na madrugada desse domingo (28). O lançamento ocorreu as 1h54 da manhã (horário de Brasília) no Centro Espacial Satish Dhawan (SHAR), na cidade de Sriharikota, na Índia.

O Amazonia-1 é o terceiro satélite brasileiro em operação, junto ao CBERS-4 e CBERS-4A, mas é o primeiro a ser desenvolvido inteiramente no país. As atividades de montagem, integração e testes foram feitas no Laboratório de Integração e Testes (LIT) situado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos, São Paulo. Após essas atividades, os módulos de serviço e carga útil do satélite foram separados, colocados em containers e transportados para a base de lançamento na Índia, onde foi acoplado ao foguete indiano PSLV-C51.

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Apenas 17 minutos após o lançamento do foguete, o Amazonia-1 entrou em órbita, a uma altitude de 752 km acima da superfície da Terra. Uma comitiva do governo brasileiro liderada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, acompanhou o lançamento na Índia.

Com o lançamento bem-sucedido do Amazonia-1, o Brasil se junta a cerca de 20 países do mundo que dominam o ciclo completo de desenvolvimento de satélites, administrando toda a cadeia de design, produção e operação.

O satélite será fundamental para o monitoramento da Amazônia e outros biomas no Brasil, além de inaugurar uma nova era para a indústria brasileira de satélites - ministro Marcos Pontes

O desenvolvimento do satélite começou em 2008 e envolveu um investimento de 360 milhões de reais, cerca de um sexto do que custaria para importar equipamentos já prontos, e foi desenvolvido com o intuito de fornecer dados de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento, principalmente na Amazônia, e a atividade agropecuária no país.

Satélite Amazonia-1 na base de lançamento de SHAR sendo integrado ao PSVL. Fotos: INPE.

O satélite é um grande aparelho metálico de formato cúbico com 2,5 metros de comprimento e 637 quilos, carregado com 6 quilômetros de cabos e uma câmera com 3 bandas de frequência no espectro do visível (VIS) e 1 banda próxima ao infravermelho (Near Infrared ou NIR) capaz de observar uma faixa de aproximadamente 850 km com 60 metros de resolução. Com sua órbita Sol síncrona (polar), que passa por ambos os pólos, o satélite vai gerar imagens do planeta com atualização a cada 5 dias.

Até agora o programa de monitoramento da Amazônia dependia principalmente do satélite norte-americano Landsat, que fornece imagens de alta definição a cada 16 dias, mas também utiliza imagens vindas do CBERS 4 e do satélite indiano IRS-2. O Amazonia-1, além de prover uma maior frequência de imagens, dará mais autonomia tecnológica ao Brasil, que não dependerá tanto do envio de imagens de satélites de outros países.

Foguete indiano PSLV-C51 momentos antes (esquerda) e após (direita) o lançamento no domingo (28). Fotos: Indian Space Research Organisation/ISRO.

O Amazônia-1 está embebido na Missão Amazônia que pretende lançar mais dois satélites, o Amazonia-1B e o Amazonia-2, sem data definida, com a mesma plataforma de fabricação do Amazonia-1, a Plataforma Multimissão (PMM).

Infelizmente a história do Brasil com lançamentos de satélites carrega uma grande tragédia. Em 2003 um satélite explodiu durante o lançamento da base brasileira em Alcântara, Maranhão, matando 21 pessoas. A base de Alcântara não lançou satélites desde então. Apesar de ainda estar em operação, a base não está equipada para lançar satélites tão grandes quanto o Amazonia-1.