Água do Tietê fica preta como petróleo após abertura de barragens

Após as chuvas no final de semana, trechos do Rio Tietê em Salto, no interior de São Paulo, surgiram com uma tonalidade mais escura que o normal. A causa foi a abertura de duas barragens em Pirapora do Bom Jesus (SP).

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O Rio Tietê em Salto amanheceu com a lama negra, oriunda da abertura de comportas na capital após as chuvas.

Após as chuvas do último final de semana, duas barragens em Pirapora do Bom Jesus (SP) foram abertas provocando uma mudança na paisagem do trecho do Reio Tietê que passa pela cidade de Salto (SP) no domingo (29). O esgoto acumulado e a lama desceram e a água ficou com uma tonalidade escura, quase preta.

tonalidade da água indica a presença de lama e sujeira. Com a chuva registrada no fim de semana, as barragens de geração de energia em Pirapora do Bom Jesus precisaram ser abertas para evitar inundações. Por conta disso, a lama que estava represada há meses desceu, o que deixou a água com a tonalidade mais escura.

A Prefeitura de Salto informou que acompanha a situação do rio, juntamente com a Secretaria do Meio Ambiente, e que comunicou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O poder público também disse que vai enviar laudos e documentações ao Governo do Estado, para que as providências sejam tomadas.

A Secretaria do Meio Ambiente está acompanhando o caso e já acionou a Cetesb, assim como órgãos estaduais. A equipe está monitorando as consequências com possível mortandade de peixes e também estão avaliando a qualidade da água que desceu o rio após as chuvas e que provocou o acúmulo de lama.

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Não é a primeira vez que a água do rio Tietê fica escura. Em agosto de 2017, a mesma situação foi registrada. Além disso, um pouco antes, em novembro de 2014, o rio ficou com cor escura e provocou a morte de 40 toneladas de peixes, que foram retirados do córrego do Ajudante, um afluente que desagua no rio Tietê.

Causa das chuvas

As chuvas que chegaram no estado de São Paulo no último final de semana foram causadas por um conjunto de fatores. O principal fator foi a chegada de um sistema frontal que se somou a divergência de massa dos altos níveis da troposfera e um cavado nos médios níveis. Esses elementos foram suficientes para amenizar o calor e trazer chuvas que quebraram um longo período de seca em várias cidades.

Apesar das chuvas, o déficit hídrico da região está longe de ser suprido e com a possível chegada da La Niña no final deste ano de 2021 os volumes pluviométricos podem ficar ainda mais comprometidos para 2022.

Despoluição do Rio Tietê

A despoluição do Rio Tietê em São Paulo já consumiu R$ 2,156 bilhões dos cofres públicos, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que acompanha a situação dos contratos da Sabesp. De acordo com o tribunal, nos últimos 10 anos foram assinados 46 contratos para o programa de despoluição do rio, tocado pelo governo de São Paulo e pela empresa de abastecimento, que somaram o total de R$ 2.156.874.361,52.

Dos contratos já assinados no período, 28 deles ainda estão em execução e somam o total de R$ 1,7 bilhão. Outros 14 já foram concluídos e totalizam R$ 1,05 bilhão. O programa de despoluição tem ainda dois contratos paralisados que somam R$ 469 milhões e outros dois que foram rescindidos ao longo de 10 anos, que chegam a R$ 57 milhões.