Sul enfrenta redução das chuvas na reta final de março. Será que a seca vai persistir em abril e nos próximos meses?

Chuva reduz no Sul do Brasil nesse finalzinho de março, cenário mais seco tende a persistir nas primeiras semanas de abril. Será que com La Niña, a região corre riscos de seca prolongada?

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Tempo mais seco predomina no Sul do Brasil na reta final de março. Há previsão de chuvas isoladas e com baixo volume, algo que não deve mudar em abril.

A chuva perdeu força no Sul do Brasil após o avanço do último sistema frontal, a condição agora já de tempo mais seco, ensolarado e com gradual elevação das temperaturas, ou seja, o friozinho também não durou muito tempo, já que a massa de ar frio associada a um centro de alta pressão atmosférica já foi afastado para o oceano.

A expectativa para esse finalzinho de março gira em torno de um tempo menos úmido, com menor presença de nebulosidade, maiores períodos de sol, temperaturas elevadas de novo, e consequentemente, menores índices de umidade relativa do ar, ou seja, uma nova mudança brusca no tempo no Sul do Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os últimos cinco dias já foram mais secos em quase toda a região Sul. Foram registrados volumes elevados de maneira muito pontual apenas em Bom Jardim da Serra, na serra de Santa Catarina, e também em Itapoá, no litoral norte do estado. Uma chuva que caiu sob resquícios da última frente fria.

Seca começa a ganhar forma no Sul do Brasil

Com o fim do El Niño cada vez mais próximo e a transição do verão para o outono, criou-se uma expectativa muito grande sobre a redução das chuvas no Sul do país, que passou meses de muita umidade concentrada, especialmente na primavera do ano passado quando o fenômeno climático atingiu sua maior intensidade.

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Aumentam as chances de retorno do La Niña durante os próximos trimestres. Mudança pode gerar seca no Sul do país. Fonte: NOAA

Para esse trimestre março, abril e maio, ainda existe uma chance de 74% de continuidade do El Niño, mas segundo as projeções atuais da NOAA, a probabilidade de neutralidade climática aumenta para 83% no trimestre abril, maio e junho.

Ou seja, a partir de abril a tendência é de uma redução expressiva nas anomalias de TSM no Pacífico Equatorial, o que abre margens maiores para uma mudança no padrão de chuvas, o que leva a crer sobre um maior risco de estiagem no Sul.

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Previsão é de chuvas muito isoladas e com baixo volume até o fina de março. Cenário de pouca umidade passa a preocupar com término do El Niño mais próximo.

Para essa reta final de março, a previsão é de pouquíssima chuva sobre a região Sul, o que por enquanto não significa uma ausência total ou seca extrema, porém, as chuvas previstas devem ocorrer de maneira rápida, desordenada e com baixo índice pluviométrico.

Até o dia 31 de março à noite, o maior volume de chuva previsto para o Sul é de 21 milímetros em pontos isolados da serra catarinense. Na maior parte da região, o volume será bastante inferior.

Como o volume de chuva previsto até o domingo (31) é baixo da região e o comportamento das precipitações será irregular, nota-se uma mudança no padrão, com um cenário que passa a ser mais seco daqui em diante. As perguntas que ficam são as seguintes: isso vai durar muito tempo? O Sul do Brasil corre riscos de estiagem prolongada com o término do El Niño?

Clima de abril na região Sul

Apesar da redução das chuvas mais organizadas no Sul do país nesse finalzinho de março, a preocupação quanto a uma seca prolongada por enquanto pode esperar um pouco mais. A tendência é de chuvas espalhadas novamente e maior umidade logo no primeiro período de abril, entre 01 e 08 como mostra o mapa abaixo.

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Sul começa abril com presença de umidade, mas cenário de seca pode se instalar a partir da segunda quinzena. Fonte: ECMWF

A expectativa é de maior umidade (áreas em verde), algo que pode persistir sobre o Rio Grande do Sul até o dia 15 de abril, porém, Santa Catarina e Paraná já podem entrar na janela de estiagem. Aliás, a preocupação quanto a um longo período com pouca umidade prevista para os dois estado é bem maior quando deparamos também com a segunda quinzena de abril mais seca.

No estado gaúcho, a tendência é de redução das chuvas também na segunda quinzena de abril, mesmo que os mapas ainda apontem para uma área de umidade prevista. Vale ressaltar que a metade norte do estado também já deve enfrentar uma redução expressiva das precipitações, o que tende a ser reflexo do término o El Niño cada vez mais evidente.

La Niña e a projeção de seca prolongada

Com o aumento das chances de retorno do fenômeno La Niña já no próximo trimestre, aumentam também as especulações sobre uma seca prolongada no Sul do país. O fenômeno é conhecido por reduzir de maneira impactante as chuvas e derrubar as temperaturas, ou seja, um clima mais seco e mais frio está para chegar.

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Projeção do modelo de confiança da Meteored, ECMWF, mostra redução das chuvas de maneira expressiva e tendência de seca nos próximos trimestres. Fonte: ECMWF

Para abril já vimos que a possibilidade é de umidade concentrada no comecinho do mês, mas depois a redução das chuvas virá. A maior parte da região Sul já pode ter uma segunda metade de abril bastante seca, o que pode perdurar por mais tempo.

Segundo as projeções mais recentes do modelo europeu de confiança da Meteored, o ECMWF, durante esses próximos 4 trimestres a tendência é de menor umidade, ou seja, até agosto de 2024, o Sul do país pode enfrentar janelas de estiagem prolongada.

É válido ressaltar que menor umidade não significa precisamente na ausência total de chuvas, pode e vai chover até agosto de 2024 na região Sul, mas com o retorno do La Niña aumentam as chances de janelas longas de seca, o que pode gerar impactos negativos nas cidades e no campo.

Como a tendência é de redução expressiva das precipitações sobre o Sul do país nos próximos meses, os governantes e a própria população precisa ficar muito atenta ao malefícios desse clima seco que pode afetar o abastecimento de água, afetar a geração de energia elétrica e afetar diretamente o desenvolvimento das lavouras na região.