Segunda quinzena de Dezembro com mais um evento de ZCAS?

O mês de Dezembro vem apresentando eventos de chuva intensos e persistentes devido a atuação de sistemas transientes que também acabam por contribuir para a formação de zonas de convergência como a ZCAS na semana passada. Será que esse padrão irá se repetir?

ZCAS, chuvas nordeste, chuvas sudeste
Chuvas em Dezembro já superam a média em em algumas localidades do Centro-Sul.

Neste mês as chuvas vêm ocorrendo com frequência e mais concentradas nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com bons volumes atingindo a porção oeste da Região Norte. Até o momento, a precipitação já supera a média esperada para os 31 dias de Dezembro em boa parte dos estados do Sul e até mesmo em parte do Sudeste, graças a um evento de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) na semana passada.

Ao longo desta semana, esse padrão vem se mantendo e as previsões indicam chuvas ainda para o Centro-Sul do país, principalmente para a Região Sul, onde são esperados os maiores acumulados, que podem passar dos 200 mm no leste de Santa Catarina e do Paraná.

Mas será que esse padrão úmido irá se manter para os próximos 15 dias de Dezembro? Há potencial para outro evento de ZCAS? E para o Nordeste? Há possibilidade de chuvas como as que ocorreram em Novembro?

Fatores climáticos: as oscilações Antártica e de Madden-Julian

Antes analisarmos as projeções dos modelos ECMWF e CFSv2 para os próximos 15 dias é preciso ter em mente o comportamento dos principais fatores climáticos de curto a médio prazo: as oscilações Antártica (AAO), ou Modo Anular Sul (SAM), e de Madden-Julian (MJO).

Os fatores climáticos, principalmente a Oscilação Antártica, podem proporcionar uma condição favorável para a ocorrência de ZCAS por volta da última semana de Dezembro.

Analisando o comportamento da AAO é possível observar uma manutenção do índice em valores positivos, com pequenas oscilações, até o momento, que acabam por não representar grande influência. Para esta época do ano, essa condição mantém os sistemas transientes atuando mais no Centro-Sul do país e, consequentemente, proporcionando um período mais quente no Centro-Norte.

Sendo mais detalhista em relação a AAO, posterior ao dia 16, há uma tendência positiva seguida de uma negativa, o que contribuiria para sistemas mais ao sul e para um período posterior mais chuvoso na porção central do país. No entanto, essas oscilações do índice devem ser monitoradas.

O que define se os sistema transientes irão favorecer o escoamento no Brasil Central é a MJO, que nos últimos dias passou a atuar em uma fase de subsidência (fase 5), desfavorável às chuvas na porção centro-leste e nordeste do país. Segundo as projeções dos modelos CFSv2 (americano) e ECMWF (europeu) para MJO, a oscilação irá atuar em neutralidade até pelo menos o final do mês, resultando em uma condição até mesmo favorável à precipitação, uma vez que os processos termodinâmicos continuam a ocorrer livremente.

Em resumo, o que se pode concluir é que, nos próximos dias, as chuvas mais intensas se concentram no Centro-Sul, não descartando a ocorrência de pancadas no Centro-Norte. Por volta da última semana do mês, dependendo do comportamento da AAO, há a possibilidade de chuvas mais no Brasil Central, com tempo firme em boa parte da Região Sul.

Os cenários dos modelos ECMWF e CFSv2

Os mapas a seguir mostram as anomalias de precipitação para os próximos 14 dias divididos em períodos de 7 dias, sendo as projeções da porção superior referentes ao modelos ECMWF e as demais ao CFSv2.

Analisando os mapas de anomalia para os próximos 7 dias, nota-se que os dois modelos concordam com em relação ao padrão, com chuvas mais concentradas na Região Sul, sendo que o modelo ECMWF desloca um pouco para o norte a região de precipitação mais intensa.

Já para o segundo período se encontra a maior discrepância entre os modelos. Enquanto que o modelo europeu projeta chuvas mais concentradas no Centro-Norte do país, atingindo boa parte do Nordeste, com uma padrão bastante semelhante ao de um evento de ZCAS, o modelo americano mantém a maior taxa de precipitação no Centro-Sul.

Através da análise dos fatores do item anterior, é possível determinar o cenário mais provável, sendo este do modelo ECMWF. No entanto, é preciso ter em mente que a AAO será mais determinante para se definir a distribuição das chuvas e que será estritamente necessário acompanhar a sua evolução e previsão diariamente.