Primavera chega com calor extremo no Brasil! O que esperar da estação das flores em 2023?

Faltam poucos dias para a chegada da primavera, estação que marca a virada da época mais seca e fria para a época mais úmida e quente do ano. Muita gente gosta disso, mas até mesmo os amantes do calor sofrem quando ele ocorre em excesso. Ainda estamos no inverno, mas vamos combinar que isso é apenas no calendário, porque temperaturas acima dos 40°C já estão sendo registradas no Brasil.

A estação das flores é conhecida também como estação dos temporais, os maiores e piores justamente porque contam com um combustível comum nesta época do ano, o calor. Altas temperaturas são favoráveis para o desenvolvimento vertical das nuvens cumulonimbus, as grandes geradoras de tempo severo, que podem derrubar muita chuva, descargas elétricas e granizo, o que se torna comum nesses próximos meses.

São vários os problemas em anos mais quentes que o normal, uma preocupação que sempre acontece quando o fenômeno El Niño se instala no Oceano Pacífico Equatorial. Geralmente são anos muito quentes, o que pode trazer riscos severos a saúde humana e a saúde animal, além de ser um fator que pode prejudicar a produção agrícola. Outro prejudicado no Brasil é o setor elétrico, quanto mais quente, mais o sistema fica sobrecarregado, afinal, nos enfiamos em ar-condicionado e ventiladores, além claro, de aumentarmos o consumo de água.

Primavera de 2023, o que esperar?

Os modelos climáticos tem apresentado uma certa variabilidade a cada rodada, isso tem prejudicado muitas vezes as previsões e o modo que desenhamos um cenário futuro. Com o aquecimento anômalo dos oceanos, isso não só do Pacífico com o El Niño, como também de outros ao redor de todo o globo, as temperaturas tem gerado eventos extremos jamais vistos. Ondas de calor estão sendo mortais, chuvas torrenciais também estão matando muita gente. A pergunta que fica é: o que esperar com a chegada da primavera no Hemisfério Sul?

Segundo as simulações mais recentes dos modelos climáticos, a primavera pode ser bastante influenciada pelo fenômeno El Niño que acaba por manter uma maior frequência e intensidade das precipitações no Sul do Brasil, algo que pode aumentar ainda mais os problemas com enchentes e inundações como as que ocorreram recentemente. Após três anos de La Niña, o El Niño vem para mudar o cenário de secas extremas para muita umidade.

Durante a primavera de 2023, a projeção é de chuvas acima da média na região Sul, especialmente sobre o Rio Grande do Sul com volumes que podem ultrapassar a casa dos 400 milímetros apenas no mês de outubro. Por outro lado, o próprio El Niño gera um maior risco de estiagem no Norte e no Nordeste, algo que está previsto para acontecer nessa primavera com chuvas muito abaixo da média e com episódios de precipitação muito irregulares e espaçados, o que pode ser um grande influenciador para o aumento das queimadas.

No Sudeste e no Centro-Oeste, a chuva fica no meio do caminho, ou seja, áreas do Mato Grosso do Sul e de São Paulo que ficam mais próximas ao Paraná podem receber chuva mais frequentemente por conta dos sistemas mais atuantes na região Sul. A chuva tende a ficar dentro ou até mesmo levemente acima da climatologia no sul dos dois estados. Já Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, além do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal, podem ser afetados pela falta de chuva na época mais úmida do ano.

Em contrapartida a falta de chuva regular na maior parte do país, o calor é que se destaca com os dias secos e ensolarados durante a primavera. A tendência é de uma estação muito quente, com temperaturas acima do normal até mesmo para a primavera.

Logo nos primeiros dias da estação, temperaturas entre 40 e 45°C podem ser registradas no Brasil, o que traz riscos severos a nossa saúde. O calor deste ano pode ser assustador e muito prejudicial para diversos setores que movem a economia do país. Por exemplo, o gado leiteiro pode sofrer uma queda de 20% em sua produção devido ao estresse térmico.

A influência da primavera nos temporais e o risco no Sul do Brasil

A região Sul já tem sido duramente castigada pelos eventos extremos, uma hora temperaturas negativas, outra hora calor de 40°C, e como se não bastasse a gangorra térmica, as chuvas torrenciais. O mês de setembro está sendo marcado por inundações jamais vistas no Rio Grande do Sul, as últimas deixaram 47 mortos no estado gaúcho e muitas cidades ainda estão em estado de calamidade recuperando aos poucos o que foi destruído pela água e pela lama.

Os próximos 90 dias podem ser marcados por muita chuva na região Sul, volumes que podem passar dos 600 milímetros como mostra o gráfico acima. No norte do Rio Grande do Sul, existe uma projeção para possíveis eventos extremos entre o final de outubro e o mês de novembro. Por volta do 21 de outubro, mais de 100 milímetros podem ser registrados em Passo Fundo em um intervalo de 24 horas, ou seja, um grande potencial para transtornos.

No dia 13 de novembro são esperados cerca de 50 milímetros, algo que pode se repetir nos dias 22 e 23 de novembro, somando mais de 100 milímetros de novo. Essa é apenas uma projeção a longo prazo, mas o Rio Grande do Sul, assim como Santa Catarina e Paraná podem sofrer outros eventos extremos em uma primavera com chuvas acima da média sob efeito do El Niño.

Vale lembrar que antes dessa chuvarada toda tem a pré frontal, ou seja, dias antes das frentes frias atingirem a região com as chuvas torrenciais, a expectativa é de muito calor também. Mesmo com as chuvas mais frequentes e mais volumosas, a primavera também pode ser marcada por temperaturas acima do normal na região, o que lembrando serve como combustível para os piores temporais.