Previsão de aumento do número de ciclones no Brasil

A tendência para os próximos dias é de aumento da formação de ciclones próximos a Região Sul. Por que isso? Quais os impactos previstos nas condições do tempo no Brasil?

Tendência de aumento da atuação da formação de ciclones e da atuação de frentes frias no Centro-Sul do Brasil

Na segunda quinzena de Julho vem se observando um aumento da umidade no Sul do Brasil devido a maior atuação de frentes frias, favorecida pelo aumento da formação de ciclones. Juntamente com o aumento da umidade, há uma maior incursão de massas de ar polar que favorecem a diminuição das temperaturas, formação de geada, precipitação de neve ou chuva congelada, como já foi observado este ano nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. O que provoca essa maior frequência de ciclones será discutido a seguir.

A Oscilação Antártica

Um dos fatores que mais contribui para o aumento da formação de ciclones no sul da América do Sul é a Oscilação Antártica (AAO) ou Modo Anular Sul (SAM). A AAO descreve o movimento norte-sul do cinturão de ventos (localizados entre 30° e 60°C de latitude), que sopram sempre de oeste para leste e circunda o Polo Sul, em médias e altas latitudes. No Hemisfério Norte atua a Oscilação Ártica (AO) que descreve o mesmo movimento para o Polo Norte.

Padrão de ventos e posicionamento das regiões alta pressão para o mês de Julho. No Hemisfério Sul se observa o cinturão de ventos de oeste entre 30° e 60° de latitude. Fonte: The Atmosphere an Introduction to Meteorology 12th Edition.

A mudança de posição deste cinturão influencia na posição e na intensidade das frentes frias, das massas de ar polar e dos sistemas de tempestade em latitudes médias, ou seja, a AAO afeta diretamente no padrão de precipitação do Centro-Sul do Brasil, obtendo maior correlação para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Para valores positivos de AAO, o cinturão de ventos se desloca ou contrai em direção a Antártica, resultando em pressões atmosféricas mais altas no Sul do Brasil, o que dificulta o avanço de frentes frias e, consequentemente, em aumento das temperaturas e diminuição de chuva. Já para valores negativos, há o deslocamento ou expansão do cinturão de ventos para norte (em direção a América do Sul), resultando em uma maior frequência na atuação de sistemas de baixa pressão atmosférica e no aumento das chuvas no Centro-Sul do Brasil.

Previsão estendida

A previsão para AAO, fornecida pelo Centro de Previsão Climática da NOAA, mostra uma brusca mudança de sinal, fazendo com que a oscilação esteja em fase negativa até o início do mês de Agosto. Assim, nos próximos dias será observada uma maior formação de baixas pressões entre o norte da Argentina, Paraguai e o Sul do Brasil, que se deslocarão para o oceano, dando origem a ciclones extratropicais que possuem como característica sistemas frontais associados.

Acumulado de chuva para os próximos 10 dias, segundo o modelo ECMWF.

Os modelos de previsão de curto prazo (ECMWF e GFS) e de previsão mais estendida (CFS e NMME) mostram um aumento da precipitação na Região Sul e nos estado de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, com maior concentração de chuva para o Rio Grande do Sul e Paraná. Em relação às temperaturas, a previsão é de uma maior incursão e amplitude das massas de ar polar, que irão contribuir para período mais frio e mais propenso a geadas e até ocorrência de neve. Esse comportamento dever seguir no máximo até a primeira quinzena de Agosto.