Modelo climático da NOAA prevê La Niña para o fim de 2025
O modelo climático CFSv2, da NOAA, aponta para a formação do fenômeno La Niña no final de 2025. Contudo, o histórico recente e a falta de concordância entre modelos levantam dúvidas.
- Mais informações: Confirmado: estudo revela que La Niña é o pesadelo das previsões

O modelo CFSv2, um dos principais sistemas de previsão climática da NOAA, indica o resfriamento das águas do Pacífico Equatorial no final de 2025, sinalizando a possível formação de um evento La Niña.
Em Janeiro de 2025, a NOAA declarou oficialmente a formação do fenômeno após as anomalias na região de monitoramento atingirem -0,5°C em Dezembro de 2024 e por confiar nos modelos que indicavam manutenção das anomalias negativas - ou por uma possível resistência em admitir que as projeções anteriores estavam incorretas.
No entanto, as condições não se mantiveram e o episódio não entrou para os registros oficiais da própria NOAA. Confira agora o que diz a previsão do CSFv2 e quais são as principais incertezas por trás dela.
O que diz a previsão do CFSv2?
As rodadas atuais do CFSv2 vêm indicando um resfriamento da temperatura da superfície do mar (TSM) do oceano Pacífico Equatorial na região de monitoramento chamada Niño 3.4 a partir de Julho. As últimas duas rodadas indicam que a TSM entraria no limiar de La Niña (-0,5°C) a partir de meados de Agosto/Setembro.

A rodada mais atual, utilizando condições iniciais do período entre 19 a 28 de Junho de 2025, indica um fraco resfriamento (entre -0,5°C e -0,8°C) entre Setembro e Janeiro. Este intervalo de 5 meses com anomalias abaixo de -0,5°C seria suficiente para caracterizar o fenômeno La Niña. Mas será que isso vai acontecer?
Podemos confiar nesta previsão?
Embora o CFSv2 aponte para La Niña no fim de 2025, a falta de concordância entre os modelos e o histórico recente de erros exigem cautela. O último boletim da NOAA indica que as anomalias de TSM estão, embora dentro da neutralidade, ligeiramente positivas, com +0,2°C na região do Niño 3.4.
Tanto a média (ensemble) dos modelos dinâmicos quanto estatísticos apontam neutralidade até o fim do ano, apesar dos dinâmicos apontarem tendência de um leve aquecimento, enquanto os estatísticos, resfriamento.

Além disso, a previsão probabilística também continua indicando a manutenção da neutralidade do oceano Pacífico nas próximas estações. Entre Outubro de 2025 e Janeiro de 2026 as probabilidades entre neutralidade e La Niña são semelhantes, mas ainda com maiores chances de neutralidade.

Alguns questionamentos podem - e devem - ser levantados aqui antes de ‘prever La Niña’ para o fim do ano, sendo eles:
- O histórico do modelo, de ter fortalecido as previsões do último La Niña, que não se concretizaram;
- A limitação dos modelos em prever eventos de La Niña, principalmente com uma janela de tempo superior a 3 meses;
- Por último, mas não menos importante: a rodada anterior do próprio CSFv2, que apontava um resfriamento mais pronunciado.
A rodada com condições iniciais entre 9 e 18 de Junho apontava um resfriamento pronunciado entre Outubro e Dezembro, alcançando cerca de -1°C de anomalia. O fato da nova rodada projetar um resfriamento menos intenso mostra uma tendência de aquecimento dessas previsões, em direção à neutralidade da TSM.
Efeitos da La Niña no Brasil
Caso venha a se confirmar, o fenômeno La Niña pode alterar significativamente os padrões climáticos no Brasil, mas seus efeitos não são imediatos.
Os sinais mais evidentes geralmente aparecem no auge do verão onde os padrões climáticos esperados:
- Região Norte: aumento do volume de chuvas, especialmente no início do verão, com possível antecipação do período chuvoso em algumas áreas;
- Nordeste: chuva acima da média na porção leste e condições mais úmidas no setor norte;
- Centro-Sul: chuvas abaixo da média, principalmente na região Sul, podendo haver secas; temperaturas ligeiramente mais amenas que a média histórica;
- Sudeste/Centro-Oeste: comportamento mais variável, com possibilidade de chuvas próximas ou abaixo da média.
A Meteored | Tempo.com continua monitorando a evolução das condições oceânicas e atmosféricas para avaliar a possível configuração do fenômeno em 2025. Nossa posição, no momento atual, mantém a previsão de neutralidade climática até novas evidências conclusivas.