Como será o próximo trimestre de inverno?

O Outono deste ano foi muito bem caracterizado pela transição entres as estações chuvosa e seca, com as chuvas se concentrando no extremos sul, leste e norte do país e o registro de massas de ar frio intensas. Será que os próximos meses manteremos este padrão? Saiba tudo aqui.

Inverno, ondas de frio e chuvas no Sul
Massas de ar polar já estão avançar frequentemente como as chuvas na Região Sul.

Como nas estações de transição espera-se uma mudança do padrão de distribuição das chuvas e da temperatura pelo Brasil. No Outono, o que vemos é uma migração dos maiores acumulados para os extremos sul, leste e norte do país e a diminuição das temperaturas em todas as regiões, ocasionada pela incursão de massas de ar polares.

Esse padrão foi observado durante os últimos 3 meses, sendo mais evidente no mês de Maio, quando ficou mais evidente a chegada das massas de ar polar mais intensas no Centro-Sul e o aumento da passagem de sistemas precipitantes na Região Sul, com destaque para o evento do final do mês, que contribuiu para volumes acima de 100 mm e para o fechamento do mês acima da média em boa parte do Rio Grande do Sul, extremo oeste catarinense e no sudoeste do Paraná.

A região do MATOPIBA e a porção central do país também obtiveram volumes acima do esperado, no entanto, como o volume para esta época do ano é baixo, qualquer evento de chuva pode facilmente atingir o valor esperado.

Para os próximos meses, segundo a climatologia, espera-se um comportamento semelhante, com chuvas frequente no Sul e extremos norte e leste do país, com incursão de massas de polar, que com auxílio dos ventos de sul transportam o ar mais frio até o oeste da Região Norte. Mas será que os modelos estão “enxergando” isso?

Tendência climática para os próximos meses

Antes de falar sobre as projeções do modelo GFSv2 para chuvas e temperatura é preciso frisar que, mesmo com um resfriamento da região equatorial do Oceano Pacífico as condições são de neutralidade para El Niño Oscilação Sul (ENOS), com influência das água mais frias, abaixo de 0,5°C da média, somente a partir de Outubro/Novembro.

Os mapas de previsão abaixo mostram as anomalias de precipitação e de temperaturas para os trimestres Junho-Julho-Agosto (JJA) e Julho-Agosto-Setembro (JAS). Em relação aos padrões de chuva, pode-se observar que para ambos os trimestres as anomalias são positivas para boa parte da Região Sul e parte do leste da Região Nordeste. No entanto, a intensidade é maior para JJA, uma vez que as chuvas mais volumosas devem ocorrer neste mês de Junho, principalmente durante a primeira quinzena.

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As chuvas de fato ficam mais frequentes na Região Sul e traz um alívio à condição de estiagem, no entanto, não se deve esperar eventos de chuvas persistentes, mas sim, em sua maioria, um evento por semana com duração máxima de 2 a 3 dias.

Em relação às temperaturas, ambos os trimestres mostram em boa parte do país valores acima da média, com maior destaque para a Região Sul, onde as anomalias são maiores. Essa condição representa uma maior atuação de massas de ar polar. Pode parecer contraditório, mas uma massa de ar polar, além de contribuir para a diminuição das temperaturas, também favorece o tempo firme e ensolarado, no qual a amplitude térmica também é maior.

Outra interpretação também envolve as massas de ar polar. Por se tratarem de sistemas de alta pressão cuja circulação é anti horária, ao se deslocarem para o oceano Atlântico e em direção ao Sudeste e Nordeste, contribuem para a atuação dos ventos de norte na Região Sul e, consequentemente, para um maior aumento das temperaturas ao longo do dia. Assim, pelos mapas de anomalia, podemos esperar que este comportamento seja predominante nos próximos meses, sendo Setembro, o mês com as maiores máximas, como comumente ocorre.