Frio, granizo e geada à vista: prepare-se para proteger as lavouras do Sul
Uma frente fria vigorosa traz tempestades de granizo, vento forte e ar polar ao Sul do Brasil a partir desta segunda, segundo o INMET, ameaçando trigo, cevada e hortaliças; medidas simples podem evitar prejuízos expressivos nas lavouras.

Uma nova incursão de ar polar promete derrubar as temperaturas no Sul do Brasil já nesta segunda-feira (16/06). O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) informa que, antes do resfriamento, tempestades podem deixar acumulados acima de 80 mm e provocar rajadas de vento acompanhadas de granizo, especialmente no Rio Grande do Sul e no sul de Santa Catarina.
Para produtores de trigo em emborrachamento, cevada em perfilhamento e hortaliças de ciclo curto, as próximas 48 h são decisivas. Avisos estaduais de Defesa Civil reforçam o perigo de granizo até a noite de hoje e antecipam a possibilidade de geada ampla nas madrugadas de terça e quarta-feira, quando as mínimas podem chegar a 2 °C em áreas serranas. Diante disso, agricultores e cooperativas correm contra o relógio para adotar medidas de emergência.
O que dizem os avisos oficiais
O último Informativo Meteorológico nº 22/2025 do INMET detalha a sequência de eventos: primeiro, núcleos convectivos associados à frente fria devem cruzar o Rio Grande do Sul, trazendo chuva forte, descargas elétricas e possibilidade de granizo; em seguida, o ar frio dominará a atmosfera, favorecendo a formação de geada em pontos altos de Santa Catarina e do Paraná, com máximas diurnas abaixo dos 10 °C em boa parte da campanha gaúcha.
Defesas Civis municipais também mantêm alerta VERMELHO para granizo em cidades das Missões e da Fronteira Oeste, pedindo que as propriedades reforcem coberturas e afastem pessoas de estufas metálicas durante as trovoadas.

Logo após a passagem da frente, a condição de céu limpo associada ao ar seco aumentará a perda de calor radiativo durante a noite, potencializando escarcha sobre solos úmidos, cenário clássico para geadas destrutivas.
Estratégias preventivas que cabem no bolso
Estudos da Embrapa mostram que danos por granizo podem eliminar até 80 % do rendimento quando ocorrem no florescimento do trigo ou na frutificação inicial de pomares. Felizmente, várias práticas de custo moderado podem mitigar o impacto imediato:
- Aspersão noturna de baixa vazão para manter folhas próximas a 0 °C e evitar a formação de gelo intracelular.
- Telas antigranizo de polietileno reforçado, recomendadas para uva, maçã e hortaliças sensíveis.
- Cortina-quebra-vento com fileiras de milho ou eucalipto que reduzem em até 30 % a velocidade do ar frio sobre o talhão.
- Cobertura flutuante (agribon) sobre canteiros de verduras de ciclo curto.
- Consulta ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para acionar ou revisar o seguro rural já contratado.
Enquanto as medidas físicas são implantadas, a irrigação por pulso fino permanece a técnica mais difundida contra a geada: a lâmina de água congela lentamente, liberando calor latente que protege flores, folhas e frutos. Produtores de trigo vindimam em horários alternativos, evitando colheita em pleno orvalho, e suspendem pulverizações que poderiam ser lavadas pela chuva forte prevista.
Impacto no campo
Eventos combinados de frio e granizo afetam toda a cadeia: moinhos de trigo dependem da matéria-prima local, granjas precisam de milho intacto para ração e a oferta de hortaliças responde rapidamente aos choques climáticos. Em episódios semelhantes em 2023, estimativas oficiais apontaram prejuízos superiores a R$ 1 bilhão apenas em estruturas de proteção e cobertura de parreirais no Sul.
A frequência crescente de massas de ar polar acompanhadas de tempestades severas, observada pelo INMET desde 2019, sugere que adaptações permanentes devem migrar do “desejável” para o “obrigatório”
Investir em monitoramento contínuo, coberturas físicas flexíveis e seguros paramétricos já não é custo extra, mas parte do pacote tecnológico básico para manter a competitividade do agro brasileiro. Para o leitor de tempo.com, a mensagem-chave é clara: informação antecipada e ação rápida podem transformar um evento extremo em mera nota de rodapé da safra, em vez de manchete sobre prejuízo e colheita perdida.
Referência da notícia
Informativo Meteorológico nº 22/2025. 16, de junho 2025. Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).