Robô será utilizado para reconstruir ruínas esquecidas de Pompéia

Cientistas italianos ambiciosos estão desenvolvendo um robô com inteligência, força e sensibilidade suficientes para restaurar ruínas arqueológicas fragmentadas.

Ruínas de Pompéia serão reconstruídas por robô
Cientistas ambiciosos estão desenvolvendo um robô com inteligência, força e sensibilidade capazes de restaurar ruínas arqueológicas fragmentadas.

Imagine ter de resolver um quebra-cabeça com milhares de peças sem nenhuma imagem completa ou mapa para seguir. E mais do que isso - podem haver muitas peças danificadas e outras muitas faltando. Como você resolve um problema tão complexo?

Este quebra-cabeça existe na vida real - são afrescos fragmentados da antiga cidade romana de Pompéia, soterrados pela erupção do Monte Vesúvio a dois mil anos atrás. Mas, embora reconstruí-los pareça ser uma atividade impossível para um ser humano, cientistas do Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) têm um plano em mente.

O projeto, apelidado de RePAIR, combina robótica, inteligência artificial, arqueologia e história da arte em uma tentativa de reconstruir ruínas arquitetônicas de Pompéia - que de outra forma permaneceriam incompletas, porque são muito complexas ou demandam habilidades superhumanas.

O RePAIR está sendo financiado por uma doação de 3,5 milhões de euros de um fundo da Comissão Europeia que apoia projetos arriscados. Há chances de falha, mas se o projeto for bem-sucedido, a tecnologia pode ser usada para reconstruir uma variedade de artefatos culturais fragmentados ao redor do mundo.

Como o projeto RePAIR irá reconstruir ruínas antigas?

Em Pompéia, cientistas estão digitalizando manualmente cada fragmento de afresco para criar um banco de dados digital. Mas a quantidade de fragmentos é tão grande que criar um catálogo completo seria praticamente impossível para seres humanos comuns em tempo hábil.

Por isso, o robô humanóide em si será composto por um torso, braços e mãos altamente sofisticadas, desenvolvidas no Humanoid & Human Centered Mechatronics do IIT em Gênova.

Ele terá aproximadamente o mesmo tamanho de uma pessoa normal e, assim que estiver totalmente operacional, digitalizará os fragmentos sozinho. O robô pode atuar 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem pausas - e ainda por cima coletando mais detalhes do que um ser humano poderia captar.

Espero que tenhamos sucesso, porque é algo que nunca foi tentado antes. É uma loucura do mais alto nível - Arianna Traviglia, IIT.

Depois que cada fragmento passar por uma varredura detalhada, os resultados serão enviados para um banco de dados onde a inteligência artificial atuará tentando resolver o quebra-cabeças. Quando uma solução for encontrada, o sistema enviará a resposta de volta para o robô, que montará as peças da maneira correta.

O fato é que museus e universidades em todo o mundo mantêm vestígios fragmentados em suas coleções, muitos deles ignorados por décadas. Se esta tecnologia funcionar, os cientistas serão capazes de reconstruir não só afrescos, mas também outros artefatos e até mesmo papiros antigos, revelando partes esquecidas da história.

Se tudo der certo, os pesquisadores do RePAIR pretendem instalar o robô em Pompéia na primavera ou verão de 2022. O local exato da instalação ainda não foi decidido.