Por que os furacões do Atlântico estão mais intensos e frequentes?

As consequências dos estragos causados pelos furacões impactam a sociedade, que acabam relacionando esses eventos às mudanças climáticas. O que dizem os cientistas sobre a afirmação de que os grandes furacões do Atlântico são alimentados pelas mudanças climáticas?

Intensificação de furacões no Atlântico
Será que os furacões podem se intensificar com o aumento das temperaturas do ar?

Pesquisas recentes apontam que existem mais pessoas vivendo à beira-mar e o nível do mar já subiu cerca de 20 centímetros; ou seja, multiplicaram-se os riscos. Cientistas afirmam que parte desse aumento está ligada às mudanças climáticas, mas ainda não se sabe quanto.

Muitas são as perguntas feitas sobre esse tema desde as conversas casuais até aos discursos políticos; e os cientistas, sempre aprimorando seus conhecimentos, trabalham para tentar respondê-las eficientemente.

As respostas que interessam

As evidências mostram que uma porcentagem maior de furacões está ficando mais forte mais rápido. Além disso, muitos furacões - no Atlântico - estão carregando mais chuvas do que no passado.

Esse é um tópico com muitas nuances - disse Tom Knutson, cientista climático do laboratório de dinâmica de fluidos geofísicos da National Oceanic and Atmospheric Administration.

Porém, é difícil precisar se as emissões antropogênicas advindas da intensificação dos gases de efeito estufa, consequentemente do aquecimento global, influenciam na intensidade e frequência dos furacões. Com tempo, refinamento dos dados e muito trabalho, essas respostas ficarão mais claras e convergentes para uma mesma direção científica.

Furacão x Precipitação

Pesquisas recentes apontam que o aumento de 1°C na temperatura da superfície do mar gera um aumento de aproximadamente 7% nas taxas de precipitação próximas aos furacões.

A precipitação é um dos indicadores de como as mudanças climáticas estão influenciando os furacões.

Kevin Reed, professor de ciência atmosférica da Stony Brook University, e seus colegas, concluíram que, em uma condição sem mudanças climáticas induzidas pelas ações antropogênicas, o recente furacão Ian teria produzido 10% menos chuva.

Furacão x Intensidade

Tom Knutson e seus colegas afirmam que a água mais quente na superfície do mar devido às mudanças climáticas induzida pelo homem, provavelmente, está ajudando a alimentar ciclones tropicais mais poderosos.

A quantidade de ciclones tropicais classificados pelas categorias 1-5, que se tornaram categorias igual ou superior a 3, aumentou nas últimas décadas. Portanto, pelos resultados dos últimos estudos, espera-se que a proporção de categoria 4 e 5 aumente à medida que o clima esquenta.

Estudos sugerem que furacões mais intensos no Atlântico podem ser resultado de mudanças nos efeitos dos aerossóis, na circulação oceânica, no aumento dos gases de efeito estufa ou na junção desses fatores.

Furacão x Frequência

Mundialmente, os ciclones tropicais não estão se tornando mais frequentes. Mas, no Atlântico sim. Esse maior número é parcialmente impulsionado pela variabilidade natural, mudanças nas camadas de poeira do Saara e o aumento da atividade da La Niña. Mas, a diminuição de aerossóis, devido a limpeza da poluição do ar também podem contribuir.

Com isso, os modelos projetam diminuição na frequência de tempestades no Atlântico devido ao aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera. Mas, essa resposta precisa ser friamente analisada, pois essa redução implica em outros agravantes decorrentes do aumento da concentração de gases do efeito estufa.

Provar a mudança climática já é uma barreira difícil, relacioná-la à furacões é ainda mais delicado. Porém, esperar até provar conclusivamente que não pode ter acontecido por acaso, faz as coisas se tornarem muito piores!