Poluição por microplástico é encontrada no Monte Everest
Partículas de microplástico foram encontradas em amostras de neve e água do Monte Everest, o que indica que nem o pico está a salvo da poluição. Em sua maioria são fibras de poliéster, provenientes dos alpinistas e de transporte por vento.
A poluição por plástico é uma questão que se torna cada vez mais importante nos nossos tempos, já que os impactos ambientais deste material são notáveis e durarão por milhões de anos. O plástico não se degrada, e é comum que animais marinhos e terrestres consumam ou se prendam a pedaços de plástico e morram em decorrência disso.
Portanto, a poluição causada pelo plástico tem se tornado o foco de intervenções que vão desde iniciativas que passam pela limpeza de praias e rios, reciclagem de lixo, até mudanças na composição de produtos comerciais e políticas internacionais.
Este panorama ganha uma importância ainda maior com uma nova pesquisa por Imogen E. Napper e outros pesquisadores. Suas descobertas destacam que a atividade humana tem causado impactos até mesmo nas áreas mais remotas da Terra, em parte pela exploração de ambientes extremos.
No artigo publicado pela One Earth, os pesquisadores fornecem a primeira documentação da presença de microplástico na neve e na água de riachos do Monte Everest, que inclui trilhas de escalada com alta presença humana. É a primeira vez que um registro do tipo é captado em montanhas tão altas.
O Monte Everest, conhecido no Nepal e na China como Sagarmatha e Qomolangma, respectivamente, já foi um ambiente intocado há poucas décadas atrás. Por ser o pico mais alto do mundo, atingindo 8850 metros acima da superfície do mar, se tornou um destino famoso entre escaladores, especialmente nos últimos anos. O pico passou de 3 mil visitantes em 1979 para mais de 45 mil em 2016.
Embora o aumento do número de visitantes tenha impulsionado imensamente a economia local, os impactos negativos estão se tornando aparentes. Resíduos estão se acumulando na montanha, como velhas tendas, cordas fixas, garrafas de oxigênio usadas, dejetos humanos, latas, vidro e papel deixados para trás em expedições anteriores. Uma grande parte deste lixo também é composta de plástico.
Essas pequenas peças de plástico são formadas principalmente por fibras de poliéster, provenientes de roupas e equipamentos dos alpinistas. Algumas partículas também foram levadas para a região através do vento, a partir de outras partes do mundo.
A versatilidade dos materiais plásticos resultou em um aumento substancial da sua produção, que passou de 5 milhões de toneladas em 1950 para mais de 330 milhões em 2020, principalmente devido ao uso de materiais de plástico descartável. Junto à sua alta durabilidade e baixo custo, a ampla utilização tornou o lixo plástico o mais predominante em todo o mundo, mesmo em áreas remotas.
Embora os impactos associados à saúde humana ainda estejam sob investigação, a ingestão ou inalação de micropartículas são de grande preocupação, pois o plástico pode acumular em nossos tecidos internos. Se ingeridas, as micropartículas podem exercer toxicidade por meio da indução ou aumento de uma resposta imune. Além disso, o plástico pode liberar componentes causadores de toxicidade química.
Os pesquisadores argumentam que isso cria um desafio e uma oportunidade para os fabricantes de roupas e equipamentos de escalada, que precisam desenvolver projetos que utilizem materiais mais sustentáveis que minimizem a liberação de plástico no meio ambiente.
Para quem não costuma escalar montanhas, resta continuar reduzindo a compra e o descarte de plástico no dia-a-dia, e sempre se atentar à reciclagem. Pequenos atos, quando praticados por todos, se tornam gigantescas mudanças para o planeta. O primeiro passo está em cada humilde decisão de reciclar uma embalagem, por exemplo, ao invés de jogá-la no meio ambiente.