Novo tipo de célula no fígado que ajuda a reparar danos é descoberto por cientistas

Um estudo publicado na revista Nature relata a descoberta: cientistas identificaram um novo tipo de célula no fígado, que ajuda a reparar o tecido hepático danificado.

fígado
Cientistas descobrem uma célula responsável por reparar o tecido hepático danificado.

O fígado é o segundo maior órgão do nosso corpo, e apresenta várias funções essenciais para o funcionamento do organismo, como a remoção de substâncias tóxicas do sangue, a produção da bile para remover resíduos da digestão e o metabolismo da glicose.

Estima-se que as doenças hepáticas, aquelas que atingem o fígado, sejam responsáveis por cerca de 2 milhões de mortes a cada ano no mundo. Entre as principais doenças que o acometem, estão a cirrose hepática e a hepatite viral crônica.

O fígado é o segundo maior órgão e a maior glândula do corpo humano, e está localizado na parte superior direita do abdômen, abaixo do diafragma. Faz parte do sistema digestório e tem muitas funções importantes para o organismo.

E um estudo recente publicado na revista Nature traz uma descoberta importante sobre a recuperação desse órgão: os cientistas identificaram um novo tipo de célula no fígado, que é responsável por reparar o tecido danificado.

Nova célula que repara danos no fígado

O fígado possui a capacidade de se auto reparar após danos. Porém, às vezes ele fica tão danificado que não consegue se curar com rapidez suficiente, o que pode levar à insuficiência hepática aguda, por exemplo. Dessa forma, essa descoberta é muito importante.

Os pesquisadores analisaram o tecido hepático de pacientes com insuficiência hepática aguda que receberam transplantes. Embora as células hepáticas dos pacientes pudessem se multiplicar, seus fígados ainda apresentavam sinais de danos significativos.

tecido hepático
Imagem do microscópio mostrando um tecido hepático, onde os núcleos das células descobertas (chamadas células líderes) podem ser vistos em branco e as membranas celulares em vermelho. Crédito: Kylie Matchett/Universidade de Edimburgo.

Então, eles sequenciaram os genes de cada célula do fígado usando uma técnica chamada sequenciamento de RNA de célula única, e compararam os de pacientes com insuficiência hepática aguda com os de indivíduos saudáveis. Isto mostrou quais células estavam ativas e quando durante o processo de reparação. A descoberta revelou uma população anteriormente não detectada de células hepáticas cicatrizantes que surgiram durante a regeneração do fígado para ajudar na recuperação.

O estudo sugere que o fígado dá prioridade ao fechamento da ferida antes que novo tecido seja produzido, para evitar que bactérias entrem no órgão a partir do intestino e causem infecção generalizada.

Essas células recém-descobertas ajudam a esclarecer como o fígado se repara após danos. Chamadas de “células líderes”, elas são responsáveis por arrastar o tecido saudável para fechar as feridas à medida que cicatrizam após a lesão, preenchendo o espaço e permitindo que ocorra a regeneração celular - da mesma forma que a pele cicatriza após um corte, por exemplo.

Neil Henderson, do Instituto de Regeneração e Reparação da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e um dos coautores do estudo, disse que as tecnologias de ponta permitiram estudar a regeneração do fígado em alta definição pela primeira vez, facilitando a identificação desse tipo de célula que é importante para o reparo do órgão.

Segundo os autores, esse novo conhecimento poderia ser usado para criar novos tipos de tratamentos para doenças hepáticas. “Esperamos que nossas descobertas acelerem a descoberta de novos tratamentos tão necessários para pacientes com doença hepática”, disse Henderson.

Referência da notícia:

Matchett, K. P. et al. Multimodal decoding of human liver regeneration. Nature, 2024.