Células zumbis: o que são e como afetam o corpo humano

O corpo humano é um conglomerado de cerca de 30 trilhões de células, componente básico de todos os seres vivos, que dão estrutura ao corpo, absorvem nutrientes dos alimentos e os convertem em energia, além de desempenharem funções especializadas.

Existem três opções possíveis quando uma célula sofre danos: ou ela se recupera, ou morre, ou entra em senescência. Este último é o termo científico correto para se referir às células zumbis, que são aquelas que resistem à morte, mas deixam de cumprir sua função normal.

Apesar da má publicidade, desempenham papel fundamental na detecção de doenças e também auxiliam na cicatrização de feridas. E em alguns animais, como as salamandras, são responsáveis pelo crescimento de membros totalmente funcionais após a amputação.

Porém, com o passar do tempo e seu acúmulo, também podem se tornar um perigo para a nossa saúde.

Eles não se reproduzem, mas infectam

Como naqueles filmes em que os zumbis são capazes de transformar outros organismos, as células senescentes não podem se reproduzir, mas infectam as pessoas ao seu redor.

Para evitar a sua propagação total e o colapso do organismo, emitem sinais de alarme que atraem os macrófagos, células do sistema imunitário responsáveis pela sua eliminação. Isso é conhecido como resposta pró-inflamatória, que cessa quando o dano é reparado e o tecido se regenera.

Assim, do ponto de vista biológico, as células senescentes são essenciais para alertar sobre anomalias no funcionamento do nosso corpo e impedir a proliferação celular descontrolada.

O ataque das células zumbis

A senescência se espalha à medida que envelhecemos. O acúmulo de células zumbis faz com que os tecidos parem de funcionar normalmente e apareçam sinais característicos.

Por exemplo, aquelas manchas na pele que aparecem com a idade (lentigo solar ou mancha senil) são causadas por células senescentes disfuncionais que produzem excesso de pigmentação. Quando se espalham para as células vizinhas, formam as manchas que vemos principalmente nas mãos e no rosto.

A senescência também é responsável pela formação de rugas devido à perda da função de elasticidade das células epiteliais. Além dos sinais estéticos, as células dos órgãos internos também sofrem com esta disfunção, que produz a deterioração progressiva dos tecidos e o aparecimento de doenças crônicas. Estes são os mais comuns.

Doenças cardiovasculares

Como por exemplo, a aterosclerose, que é o acúmulo de placas (ateromas) de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias, o que faz com que sua luz diminua.

As células zumbis direcionam o crescimento dessas placas e as tornam mais instáveis, o que as coloca em risco de rompimento e deslocamento para outros vasos, onde acabam impedindo o fluxo sanguíneo e causando ataques cardíacos e derrames.

Doenças neurodegenerativas

Quando existem doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson, as células senescentes se acumulam no cérebro. As moléculas inflamatórias por eles secretadas podem contribuir para o dano neuronal e a progressão dessas doenças.

Doenças pulmonares

A degradação crônica e as alterações na reparação do tecido pulmonar que provocam o acúmulo de células senescentes também são responsáveis pelo desenvolvimento de doenças como fibrose pulmonar e enfisema.

Doenças articulares

As células zumbis também desempenham um papel em doenças articulares, como a osteoartrite. O seu acúmulo no tecido articular contribui para a inflamação crônica e a deterioração da cartilagem, causando degeneração articular.

Câncer

Este é um caso peculiar. Numa primeira fase, as células senescentes têm um papel protetor contra esta doença, impedindo a proliferação celular descontrolada e alertando para o aparecimento de células mutadas ou danificadas.

Mas em estágios mais avançados, quando o seu acúmulo já é significativo, as células zumbis podem promover o desenvolvimento e progressão de certos tipos de câncer.

Como evitar o acúmulo de células zumbis em nosso corpo?

A ciência avança no conhecimento das células senescentes e no desenvolvimento de medicamentos denominados “senolíticos”, capazes de induzir a sua morte, mas que ainda não conseguem ativar por si próprios processos de regeneração tecidual. Portanto, por enquanto, a melhor forma de evitar o acúmulo de células zumbis em nosso corpo é prevenir o seu aparecimento.

Ao minimizar os danos celulares e prolongar a saúde dos tecidos, a geração de células senescentes também diminui. E podemos fazer isso através de ações muito simples relacionadas ao nosso estilo de vida.

Evite fumar

Os cigarros contêm substâncias oxidantes que danificam as células, causando inflamação crônica e perda de elasticidade das vias respiratórias e dos vasos sanguíneos.

Além disso, foi comprovada sua relação com o aparecimento de diversos tipos de câncer.

Proteja-se da radiação ultravioleta

É fundamental o uso diário de protetor solar, pois está cientificamente comprovado que a radiação ultravioleta (UV) causa senescência nas células da pele.

Além disso, as células danificadas podem tornar-se cancerosas, um risco que aumenta com a idade, quando a reparação das células danificadas se torna deficiente.

Meça sua pressão arterial regularmente

Um nível elevado de pressão arterial danifica as células dos vasos sanguíneos, tornando-os mais rígidos e estreitos. Isto é especialmente perigoso quando leva ao bloqueio daqueles que irrigam órgãos como o coração e o cérebro.

Coma mais frutas e verduras

Comer diariamente alimentos que contenham substâncias que impeçam o dano oxidativo às células e que também tenham propriedades anti-inflamatórias e pró-regenerativas é uma excelente estratégia para prevenir o acúmulo de células zumbis.

Algumas opções com propriedades antioxidantes são: brócolis, mirtilos, cenouras, tomates, uvas, chá verde, kiwi, pimentão vermelho e amêndoas.

Mexa seu corpo

A prática de atividade física força nossas células a se adaptarem à sobrecarga de trabalho, aumentando suas defesas antioxidantes. Ou seja, praticar esportes treina nossas células para lidar com possíveis danos futuros.

Em resumo, muitos dos danos causados pelo acúmulo de células zumbis são evitáveis. Prolongar a nossa boa saúde também está nas nossas mãos.