Adicionar curcumina aos tratamentos com antibióticos pode ajudar a combater superbactérias e salvar vidas

Pesquisadores da Universidade Texas A&M mostraram que a curcumina, uma substância química natural encontrada na raiz de uma planta chamada açafrão (Curcuma longa), pode ajudar a reverter o curso da resistência antimicrobiana (RAM).

Uma "corrida armamentista evolucionária"

Resistência antimicrobiana é um termo preocupante usado para descrever a capacidade de cepas bacterianas de combater ou escapar de antibióticos (ou medicamentos específicos) destinados a matá-las.

A RAM é um desafio cada vez mais difundido no século 21. E isso continuará por séculos, enquanto a evolução e a "sobrevivência do mais apto" continuarem a funcionar dentro e entre as espécies.

A guerra entre bactérias e humanos pode ser vista como uma "corrida armamentista evolucionária", na qual um antibiótico recém-desenvolvido erradica efetivamente infecções bacterianas específicas, mas, com o tempo, se torna inútil porque as bactérias desenvolvem um mecanismo biológico para superá-lo. E assim a corrida armamentista continua.

Estatísticas e alarmes sobre superbactérias

De acordo com um artigo publicado no The Lancet no final do ano passado, os pesquisadores previram um aumento nas mortes por RAM de 1,14 milhão em 2021 para 1,91 milhão em 2050 anualmente. Se as políticas não forem implementadas, as mortes globais por RAM poderão aumentar para impressionantes 39 milhões entre 2025 e 2050.

Um caso horrível de morte causado por bactérias resistentes a antibióticos envolveu uma cepa altamente resistente (exibindo resistência a 26 antibióticos diferentes) que infectou e tirou a vida de uma mulher internada em um hospital de Nevada (EUA). A paciente sofreu choque séptico e morreu em setembro de 2016, após ser internada em um hospital de terapia intensiva em 18 de agosto.

A bactéria que causou essa fatalidade foi uma Enterobacteriaceae resistente a carbapenêmicos (CRE), a Klebsiella pneumoniae. É uma superbactéria, muito parecida com outras que conhecemos e que vemos nas notícias com mais frequência, como o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e as Enterobacteriaceae produtoras de β-lactamase de espectro estendido (ESBL) (incluindo Escherichia coli, Salmonella e Shigella).

Essas superbactérias são apenas algumas entre muitas outras que frustraram os mecanismos de defesa do nosso sistema imunológico e os medicamentos que criamos para ajudar a combater infecções.

Alquimia baseada na luz

Ao adicionar curcumina às bactérias e ativá-las com luz por meio do processo de inativação fotodinâmica (PI), os pesquisadores desencadearam reações prejudiciais que mataram os microrganismos e reduziram a frequência de cepas bacterianas resistentes a antibióticos.

Testes com a Staphylococcus aureus revelaram que essa técnica restaurou com eficiência a eficácia dos antibióticos tradicionais. A exposição repetida à luz permitiu uma dosagem mais direcionada de antibióticos, o que melhorou a previsibilidade e a eficácia da terapia.

O estudo destaca o uso potencial de PI à base de curcumina como uma técnica econômica para otimizar terapias com antibióticos, particularmente para cepas de superbactérias resistentes, como as que causam pneumonia. Essa técnica reduz a resistência e aumenta a potência dos antibióticos ao reduzir a diversidade bacteriana.

Os pesquisadores destacam o potencial para ampla aplicação, desde a redução de custos com saúde até o combate à resistência a antibióticos na medicina militar. À medida que as doenças resistentes a antibióticos aumentam, essa abordagem se torna uma ferramenta importante para combater superbactérias e o risco cada vez maior de doenças infecciosas.

Referências da notícia

Global burden of bacterial antimicrobial resistance 1990–2021: a systematic analysis with forecasts to 2050. 28 de setembro, 2024. Naghavi, et al.

Photodynamic inactivation and its effects on the heterogeneity of bacterial resistance. 16 de novembro, 2024. Soares, et al.