Poeira lunar é menos tóxica para humanos do que a poluição terrestre, sugere novo estudo

Após alguns testes de exposição, a pesquisa indicou que células pulmonares humanas foram mais danificadas por partículas atmosféricas poluentes do que por partículas da poeira lunar. Entenda melhor aqui.

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Astronauta John Young na missão Apollo 16, em 1972, coletando amostras do regolito lunar (poeira). Crédito: NASA.

A poeira lunar, também conhecida como regolito, é composta principalmente por partículas finas de rochas e minerais, resultantes de bilhões de anos de impactos de micrometeoritos na superfície da Lua.

E uma das preocupações das missões espaciais para o nosso satélite natural é justamente esta poeira, já que ela pode causar problemas respiratórios nos astronautas, pois irrita a pele e os pulmões.

Mas o quão mal ela faria para o nosso pulmão? Um novo estudo feito por pesquisadores australianos e publicado na revista Life Sciences in Space Research dá a resposta. Segundo os autores, a poeira lunar é provavelmente muito menos perigosa do que se pensava anteriormente e, na verdade, pode até ser menos prejudicial para os humanos do que a poluição atmosférica terrestre (ou poeira terrestre, como chamaremos daqui pra frente).

A poeira lunar não é tão prejudicial como imaginávamos

Para o estudo, os pesquisadores colocaram células pulmonares humanas, mais especificamente da parte dos brônquios e alvéolos pulmonares, em dois novos simuladores de poeira lunar, o LMS-1 (que replica a poeira de regiões de mares) e o LHS-1 (replica a poeira de terras altas).

Ao mesmo tempo, eles compararam os efeitos com aqueles causados por partículas finas de poeira (chamadas PM2.5) coletadas em uma via urbana muito movimentada em Sidney, cidade da Austrália. Essas partículas são minúsculas o suficiente para penetrar profundamente nos pulmões.

Embora possa provocar irritação, a poeira lunar apresenta um risco muito menor de causar doenças pulmonares crônicas, em comparação com a poluição atmosférica terrestre.

E o resultado foi que, assim como qualquer outra poeira, a poeira lunar pode ser irritante, mas não coloca os astronautas em risco de estresse oxidativo ou inflamação a longo prazo, problemas que ocorrem com as partículas da poeira terrestre.

A poeira lunar causou danos nas células principalmente devido aos formatos irregulares e pontiagudos das suas partículas. Porém, os simuladores não identificaram grandes níveis de estresse oxidativo (que causa danos celulares e está associado à toxicidade), comparando com a poeira terrestre.

No estudo, a poeira atmosférica terrestre apresentou uma resposta inflamatória muito mais severa do que a poeira lunar simulada.

"Nossas descobertas sugerem que, embora a poeira lunar possa causar alguma irritação imediata nas vias aéreas, ela não parece representar um risco para doenças crônicas e de longo prazo, como a silicose, causada por materiais como a poeira de sílica", disse em um comunicado Michaela B. Smith, autora principal do estudo.

"Qualquer pó, se você inalar, vai espirrar, tossir e ter alguma irritação. Mas a poeira lunar não é tão tóxica quanto a sílica, que pode causar silicose por ficar 10 anos em um canteiro de obras. Não vai ser algo assim", explicou Smith.

Ou seja, ao inalar a poeira lunar é improvável que os astronautas adquiram doenças a longo prazo como resultado, mas é preciso estar preparado para o desconforto que ela vai causar.

Referências da notícia

Scientists Investigate What Happens If You Snort Moon Dust. 29 de junho, 2025. Maggie Harrison Dupré.

Lunar dust induces minimal pulmonary toxicity compared to Earth dust. 11 de fevereiro, 2025. Smith, et al.

Inalar poeira lunar faria mal ao pulmão humano? A ciência dá a resposta. 01 de julho, 2025. Mariana Letizio.