Painéis feitos com poeira lunar podem gerar energia para futuras explorações na Lua
Novo estudo sugere que painéis de captação de energia solar podem ser produzidos na superfície da Lua utilizando a poeira lunar, e isso pode alimentar futuras explorações espaciais.

Países e empresas em todo o mundo estão correndo para a superfície da Lua para desvendar seus mistérios. Bom, já vimos várias missões espaciais trazendo resultados, como a missão chinesa Chang’e-6, que trouxe amostra do solo do lado oculto da Lua, tornando-se a primeira a explorar esse ‘lado’ da Lua. Isso sem falar das outras missões de sucesso…
E vários países têm planos de estabelecer bases permanentes na Lua, que podem servir como pontos de partida para outros destinos espaciais. Por isso, tecnologias e estudos têm sido feitos para chegar a este objetivo.
A novidade agora, como detalha o estudo recente divulgado na revista Device, é que pesquisadores sugerem que a poeira lunar pode ser usada para a fabricação de células solares que geram energia para abastecer futuras explorações no nosso satélite. Veja mais detalhes abaixo.
Vidro feito a partir de poeira lunar para gerar energia na Lua
A ideia que o artigo traz é que energia fotovoltaica pode ser gerada na Lua a partir da construção de células solares (alimentadas pelo Sol) com regolito lunar (a chamada poeira) e perovskitas de haleto. Esse último é um material fotovoltaico promissor devido ao seu baixo custo e alto desempenho, e que tem estrutura cristalina. A perovskita absorve a luz do Sol, liberando elétrons que são capturados por um eletrodo, gerando corrente elétrica.
“Já usamos regolito para extrair água e fabricar tijolos. Agora, podemos transformá-lo em células solares, garantindo eletricidade para uma cidade lunar”, afirmou em um comunicado Felix Lang, da Universidade de Potsdam, na Alemanha, e coautor do estudo.
Hoje, as células dos painéis solares convencionais utilizam vidro fabricado na Terra, um material pesado que encarece as missões espaciais. Mas segundo o estudo, produzir essas células diretamente na Lua, com recursos disponíveis no solo lunar para criar o vidro lunar, pode reduzir os custos das missões e facilitar a construção de infraestruturas energéticas no nosso satélite.

Essa célula solar até já recebeu um nome: Moonglass ('vidro lunar', na tradução livre). E quais suas vantagens em relação ao vidro comum produzido aqui na Terra? Enquanto o vidro tradicional tende a escurecer no espaço, perdendo eficiência, o Moonglass tem uma coloração marrom natural devido às impurezas do regolito, e isso evita que ele escureça e comprometa a captação de luz.
Além disso, ele é mais resistente à radiação, um fator crítico no ambiente lunar, onde partículas energéticas do espaço estão constantemente bombardeando a superfície da Lua.
Os desafios desta tecnologia
O Moonglass tem eficiência baixa, convertendo apenas 10% da luz solar em eletricidade. Contudo, a equipe de pesquisa acredita que esse número pode chegar a 23% com a remoção de algumas impurezas do vidro lunar. “Não precisamos de células solares com 30% de eficiência. Basta fabricar mais delas na Lua”, comentou Lang.
Além disso, há alguns desafios técnicos que eles precisam testar. A baixa gravidade no ambiente lunar pode complicar a criação das células solares. Também é preciso verificar se os solventes usados na produção resistem ao vácuo do espaço e se as variações extremas de temperatura na Lua afetam a estabilidade das células solares.
Referências da notícia
Solar cells made of moon dust could power future space exploration. 03 de abril, 2025. Kristopher Benke.
Moon photovoltaics utilizing lunar regolith and halide perovskites. 03 de abril, 2025. Cuervo-Ortiz, et al.