Planeta 9 pode realmente existir diz estudo realizado pela Unesp

Pesquisadores da Unesp encontraram mais evidências que apontam a existência de um nono planeta no Sistema Solar.

Novo estudo realizado pela Unesp encontra evidências de que um nono planeta existe no extremo do Sistema Solar.
Novo estudo realizado pela Unesp encontra evidências de que um nono planeta existe no extremo do Sistema Solar.

Desde a descoberta de Netuno, pesquisadores utilizam informações gravitacionais dos planetas do Sistema Solar para encontrar objetos. Netuno foi encontrado após observações de variações em órbitas como de Urano. Atualmente, variações nas órbitas de diferentes planetas indicam a existência de um novo planeta muito além de Netuno que recebeu o apelido de Planeta 9.

A ideia do Planeta 9 ganhou força em 2016, quando os astrônomos propuseram a existência de um planeta que teria cerca de 5 a 10 vezes a massa da Terra. Além disso, esse planeta teria uma órbita extremamente elíptica que estaria localizada entre a mais de 400 unidades astronômicas do Sol. Desde então, várias evidências indiretas vêm reforçando essa possibilidade como o agrupamento anômalo de órbitas de objetos transnetunianos extremos (ETNOs).

Um novo estudo liderado por pesquisadores da Unesp foi publicado na revista científica Icarus traz mais evidências para a existência do nono planeta. No artigo, eles utilizam de métodos estatísticos refinados e simulações computacionais pra analiar o comportamento de objetos que estão além de Plutão. O trabalho conclui que é muito possível que tenha a presença de um planeta massivo com uma órbita inclinada a aproximadamente 30 graus em relação ao plano eclíptico.

Condições para ser planeta

Segundo União Astronômica Internacional (IAU), para que um corpo celeste seja classificado como planeta, ele precisa atender a 3 critérios: estar em órbita ao redor do Sol, ter massa suficiente para que sua gravidade o torne aproximadamente esférico, e ser gravitacionalmente dominante em sua região orbital. Esses critérios foram estabelecidos em 2006 para ajudar a padronizar a classificação de corpos do Sistema Solar.

Apesar de muitos acharem que Plutão deixou de ser planeta por ser pequeno demais, ele foi desclassificado como planeta porque não limpou sua vizinhança orbital.

Desde que a IAU estabeleceu essas regras, os astrônomos conseguiram padronizar e classificar melhor os objetos do Sistema Solar. Principalmente com a terceira condição que consegue separar planetas de planetas anões. Plutão é um exemplo de planeta anão que tem um companheiro semelhante que, sem a terceira condição, também se encaixaria na categoria planeta.

Planeta 9

Como Plutão deixou de ser o nono planeta do Sistema Solar, a hipótese de um objeto mais distante passou a ser apelidado de Planeta 9. A hipótese vem ganhando força, principalmente quando astrônomos analisaram objetos, como Sedna e 2012 VP113, e encontraram órbitas altamente alongadas e agrupadas em direção ao mesmo ponto. Para justificar essa observação, os pesquisadores sugeriram a presença de um planeta com a massa um pouco menor que Netuno com uma distância muito além de Plutão.

Simulações computacionais foram realizadas por diferentes grupos de pesquisadores para entender as trajetórias de objetos como ETNOs e variações nas órbitas dos planetas. Essas simulações indicaram que um planeta com essas características poderia manter o agrupamento das órbitas dos ETNOs e inclinações orbitais elevadas de objetos. Com o tempo, mais observações e evidências foram surgindo mas até hoje não há nenhuma observação direta do planeta 9.

Novo estudo da Unesp

Um estudo recente liderado por pesquisadores da Unesp colocou mais peso na discussão sobre planeta 9 e trouxe evidências a favor da existência do objeto. No trabalho, o grupo utilizou cometas como ferramenta para investigar a existência do Planeta 9. O grupo simulou a evolução do Sistema Solar ao longo de 4,5 bilhões de anos, incluindo o Planeta 9 no modelo. As simulações mostraram que número de cometas observados atualmente é condizente quando o planeta 9 é adicionado nas simulações.

Cometas tem origens em regiões extremas do Sistema Solar e podem ajudar a entender como o Planeta 9 interfere gravitacionalmente com as órbitas deles. Crédito: NASA
Cometas tem origens em regiões extremas do Sistema Solar e podem ajudar a entender como o Planeta 9 interfere gravitacionalmente com as órbitas deles. Crédito: NASA

Além disso, o estudo ajudou a estabelecer melhores estimativas para a massa do Planeta 9 e sugeriu que ele teria cerca de 7,5 vezes a massa da Terra. A distância dele também pode ser melhor estimada confirmando está além de Netuno e que objetos localizados na região externa do Cinturão de Kuiper servem como evidência indireta da presença do Planeta 9. Esses corpos são mais fáceis de observar e pode ajudar na observação e detecção do Planeta 9.

Por que é tão difícil encontrá-lo?

O Planeta 9 tem várias observações indiretas mas até hoje nenhuma observação direta foi encontrada. Isso acontecer porque observar o Planeta 9 é extremamente difícil devido à sua grande distância do Sol. Nessa região do Sistema Solar chega pouca luz solar e torna os objetos dessa região muito escuro e difíceis de detectar com telescópios ópticos. O brilho do Planeta 9 seria fraco demais para ser distinguido entre os milhões de objetos de fundo, como estrelas distantes e galáxias.

Outro ponto que dificulta a observação do Planeta 9 é a área do céu em que o Planeta 9 pode estar. Isso porque a área que ele pode estar localizada é imensa e mal delimitada. Como sua órbita é extremamente lenta, seu movimento em relação às estrelas de fundo é quase imperceptível em escalas de tempo curtas. Isso dificulta sua identificação por métodos de paralaxe ou movimento próprio.

Referência da notícia

Sousa et al. 2025 Reassessing the origin and evolution of Ecliptic Comets in the Planet-9 Scenario Icarus