Cinturão de asteroides do Sistema Solar está desaparecendo lentamente, dizem pesquisadores

Um novo estudo estima que o principal cinturão de asteroides do nosso Sistema Solar está perdendo massa constantemente a cada ano e esse fenômeno pode ter consequências para a Terra.

Representação artística do Cinturão de asteroides (Asteroid Belt) do Sistema Solar, localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Crédito: Divulgação.

Primeiramente, vamos explicar o que é este cinturão… O Cinturão de Asteroides é uma região do Sistema Solar localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter e que abriga milhões de asteroides, planetas anões e outros detritos cósmicos. Também é chamado de Cinturão Principal, sendo composto por restos da formação do Sistema Solar e contém o planeta anão Ceres, além dos asteroides Vesta, Pallas e Hygiea.

Os asteroides deste Cinturão são considerados "restos" da formação do Sistema Solar ocorrida há cerca de 4,6 bilhões de anos.

E o cinturão de asteroides está perdendo material, devido à forte gravidade do planeta Júpiter, que perturba as órbitas dos asteroides, fazendo com que eles colidam uns com os outros ou sejam ejetados para fora do cinturão. Além disso, a gravidade de Júpiter afeta a ressonância orbital dos asteroides, criando "lacunas de Kirkwood", onde poucos corpos celestes podem permanecer. Os fragmentos de asteroides que não escapam do cinturão são reduzidos a poeira meteórica por colisões mútuas. E isso tudo tem implicações para a Terra.

Assim, uma equipe de pesquisadores liderada por Julio Fernández, da Universidade da República, no Uruguai, decidiu avaliar a taxa na qual o cinturão de asteroides está perdendo material. Saiba mais abaixo e entenda qual a importância deste fenômeno para a Terra.

A velocidade com que o cinturão está perdendo massa e a importância disso

Os pesquisadores calcularam com precisão a velocidade com que essa perda de material do cinturão de asteroides (chamada 'esgotamento contínuo de material') está progredindo.

Eles descobriram que a perda atual é de aproximadamente 0.000088 quilogramas a cada 1 milhão de anos (≃ 8.8 × 10−5 kg/1Ma) da porção de objetos que ainda participam das colisões. Pode parecer um número pequeno, mas ele representa um fluxo significativo de material quando considerado ao longo das imensas escalas de tempo da evolução do Sistema Solar.

E qual o destino desse material perdido pelo Cinturão? Há dois destinos:

  • Cerca de 20% escapa como asteroides e meteoroides que ocasionalmente cruzam a órbita da Terra e, às vezes, fazem entradas em nossa atmosfera como meteoros;
  • Os 80% dos asteroides restantes colidem uns com os outros e são transformados em poeira cósmica sob a força dos impactos.
Os conhecidos asteroides Ceres, Vesta e Palas foram excluídos do estudo, pois sobreviveram por tempo suficiente para não participarem mais do esgotamento contínuo de material.

Compreender esta perda de massa do cinturão de asteroides é importante e tem uma implicação direta na evolução da Terra. E qual seria esta implicação para o nosso planeta?

Os grandes corpos que escapam do cinturão não desaparecem simplesmente no espaço; alguns eventualmente acabam tendo seu caminho direcionado para o Sistema Solar interno (região dos 4 planetas mais próximos do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), onde se tornam potenciais impactadores para os planetas, incluindo a Terra.

Contudo, por outro lado, o desaparecimento gradual do cinturão de asteroides poderia reduzir o risco de colisões entre corpos celestes e o nosso planeta.

Mas calme… este fenômeno de perda de material está ocorrendo muito lentamente e levará milhões de anos para que o cinturão desapareça completamente.

Referências da notícia

The depletion of the asteroid belt and the impact history of the Earth. 25 de setembro, 2025. Julio A. Fernandez.

The Asteroid Belt's Slow Disappearing Act. 29 de setembro, 2025. Mark Thompson.