Termômetros despencam; sabor sobe: 6 receitas do mundo para barrar a gripe
Uma massa de ar polar derrubou temperaturas abaixo de zero no Sul do Brasil e reacendeu a busca por remédios caseiros. Reunimos seis receitas tradicionais, de sopas equatorianas a tônicos quenianos, para aquecer corpo e aliviar gripe.

Em todo o planeta, a “farmácia da cozinha” segue viva: sopas fumegantes, tônicos herbais e xaropes frutados reaparecem sempre que o termômetro cai, oferecendo calor, hidratação e, às vezes, compostos com ação anti-inflamatória. De Quito a Nairóbi, receitas repassadas de geração em geração ganham manchetes durante o frio intenso que atinge o Sul do Brasil neste início de julho de 2025, reacendendo a curiosidade sobre o que realmente ajuda a afastar (ou, ao menos, aliviar) a gripe.
O avanço da quarta massa de ar polar do ano derrubou as mínimas abaixo de 0°C em partes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná entre 30 de junho e 4 de julho, espalhando geada e lotando consultórios com queixas de resfriado e gripe.
A ciência lembra que nenhum desses preparados substitui imunização nem tratamento médico, mas alguns estudos sugerem benefícios pontuais: o famoso trabalho da Universidade de Nebraska mostrou que o “caldo de galinha” pode inibir a migração de neutrófilos, reduzindo a inflamação das vias aéreas superiores.
Calor que cura: sopas medicinais
Caldo de Gallina Criolla (Equador): Ícone das manhãs andinas, o caldo é preparado com galinha caipira cozida lentamente, papanabo, batata, cebola branca, coentro e hortelã-pimenta. Servido às cinco da madrugada em quiosques de estrada, ele é apelidado de “levanta-mortos” por combinar proteína leve, eletrólitos e vapor quente que ajuda a descongestionar o nariz. A lógica popular casa-se com as conclusões do estudo norte-americano sobre a capacidade anti-inflamatória de caldos de frango.

Samgyetang (Coreia do Sul): No extremo oposto do globo, coreanos combatem o frio com um frango inteiro recheado de arroz glutinoso, ginseng, tâmaras-jujuba e alho, servido em tigelas de pedra borbulhante. A raiz de ginseng fornece ginsenosídeos, compostos associados à modulação da imunidade; ensaios laboratoriais apontaram ganho de atividade antioxidante quando a receita inclui alho-preto.
Raízes, especiarias e xarope: pequenas doses de alívio
Jamu Kunyit Asam (Indonésia), xarope de sabugueiro e o chá de gengibre, canela, mel e limão partilham a fama de “shot” preventivo; suas virtudes giram em torno de antioxidantes naturais e da sensação de aquecimento imediato:
- Jamu Kunyit Asam combina cúrcuma fresca, gengibre, tamarindo e melado; cafés de Jacarta a Nova York vendem a bebida como reforço imunológico desde a pandemia.
- Sabugueiro (Elderberry) contém flavonoides que podem bloquear a adesão viral; estudo clínico mostrou redução de quatro dias na duração da gripe com 15 mL de xarope, quatro vezes ao dia.
- Chá mexicano de gengibre, canela e limão é recomendado pelo Ministério da Agricultura do país para aliviar tosse e resfriado, graças ao poder antisséptico do gengibre, à melhora da circulação promovida pela canela e ao mel, que suaviza a garganta.

Além dos possíveis compostos ativos, todos esses tônicos oferecem hidratação cálida, algo crucial quando febre e sudorese elevam a perda de líquidos.
Trago quente, impacto real
No Quênia, a palavra dawa significa “medicina” em suaíli, e batiza um coquetel servido em canecas de bar: gengibre fresco macerado, mel denso, suco de limão e, opcionalmente, um toque de conhaque local. Bartenders juram que o vapor cítrico “abre” as vias nasais mais rápido que descongestionante, enquanto a mistura doce-picante incentiva a ingestão de líquidos sem recorrer a bebidas açucaradas processadas.
Seja em forma de sopa, chá, xarope ou coquetel, essas preparações ressaltam a relação íntima entre cultura alimentar e bem-estar. Elas não substituem vacina nem antivirais, mas somam conforto térmico, hidratação e micronutrientes três pilares reconhecidos pela medicina como aliados na convalescença. Num inverno brasileiro que promete novas ondas de frio, conhecer e compartilhar tais tradições pode ajudar a população a enfrentar a gripe com mais sabor, afeto e senso de pertencimento global.