Rompimento da Barragem em Brumadinho: a tragédia se repete
Apenas 3 anos e 2 meses após a tragédia de Mariana (MG), uma barragem se rompeu na cidade de Brumadinho - Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais – chocando o Brasil e o mundo.

37 mortos, 250 desaparecidos e mais de 190 resgatados, estes são os números divulgados pelo Corpo de Bombeiros até a manhã deste domingo (27). Uma barragem se rompeu e outra transbordou - ambas pertencem a mineradora Vale - no início da tarde de sexta-feira (25) em Brumadinho, na grande Belo Horizonte. A onda de lama se espalhou rapidamente arrastando tudo em seu caminho.
Durante a madrugada, as buscas por mais vítimas foram interrompidas e retornadas na manhã deste sábado. Ao longo da madrugada foi realizado cadastramento de familiares das vítimas e estratégias de buscas foram montadas. Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos Bombeiros, os bombeiros acreditam que ainda podem encontrar vítimas vivas no meio da lama.
A emissora "Record TV Minas" registrou o exato momento que pessoas foram resgatadas após rompimento de barragem em Brumadinho, na Grande BH. pic.twitter.com/LGzrv5JjAO
— RENOVA (@RenovaMidia) January 25, 2019
As barragens possuíam rejeito da produção de minério de ferro, principalmente um material chamado sílica (terra que é separada do minério quando o ferro é extraído da mina). A mineradora ainda não sabe o que levou ao rompimento da barragem. De acordo com o diretor da Vale (Fabio Schvartsman), houve vistoria no local neste mês de janeiro e, em setembro, uma empresa alemã atestou a segurança e estabilidade das barragens.
O presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, se pronunciou a respeito do ocorrido. O presidente encaminhou 3 ministros para o local e sobrevoou a região do sábado por volta das 10h (horário de Brasília). O governo de Minas Gerais montou uma força tarefa para acompanhar de perto as ações e colaborar no que for preciso.
Vídeo mostra trabalhadores em desespero após rompimento de barragem em Brumadinho, na Grande BH. Confira! #CidadeAlertaMinas pic.twitter.com/V9V18oVcpE
— Record TV Minas (@recordtvminas) January 25, 2019
O Ibama e a Agência Nacional de Águas (ANA) se pronunciaram sobre o ocorrido em Brumadinho. Em nota, o Ibama afirmou que só assumiria a competência pela tragédia de Brumadinho se o resíduos ultrapassarem os limites territoriais de Minas Gerais ou se os desdobramentos do incidente acabarem atingindo "significativamente" um bem da União. Já a ANA divulgou um comunicado à impressa afirmando que está “em constante comunicação com os órgãos e autoridades federais e estaduais, inclusive no âmbito de recente Acordo de Cooperação sobre Segurança de Barragens, que está permitindo troca facilitada e mais rápida de dados sobre a situação no local do evento”.
Ainda de acordo com a ANA, a onda de rejeitos deve escoar até a barragem da hidrelétrica Retiro Baixo a mais de 220 km do local do rompimento e deve ser amortecida. Estima-se que essa onda levará cerca de 2 dias para chegar na hidrelétrica.
Histórico
O histórico de rompimento de barragens em Minas Gerais são de longas datas. O primeiro registro ocorreu em 1986. As mais recentes ocorreram em Macacos (2001), Cataguases (2003), Miraí (2007), Itabirito (2014) e Mariana (2015). A tragédia de Mariana – também causada por uma barragem da Vale - causou grande comoção mundial e é considerada a maior catástrofe ambiental do Brasil.

As barragens de Mariana e de Brumadinho tinham estruturas similares. Ambas eram barragens à montante, o modelo mais barato, construídas a partir da compactação de terra. As proporções de armazenamento, no entanto, eram significativamente diferentes: a barragem de Brumadinho armazenava cerca de uma tonelada de rejeitos, enquanto a de Mariana armazenava cerca de 50 toneladas. O estado de Minas Gerais conta com 450 barragens, pelo menos 22 delas não tem garantia de estabilidade.