Rara aparição de baleia-franca com filhote emociona turistas no litoral norte do RS
Durante a migração sazonal, uma baleia-franca austral e seu filhote foram vistos nadando próximos à costa de Imbé, no Rio Grande do Sul, encantando moradores e alertando para a importância da preservação marinha.

Na manhã da última terça-feira (22), um registro emocionante surpreendeu moradores e turistas no litoral norte do Rio Grande do Sul. Uma baleia-franca austral foi avistada acompanhada de seu filhote nas águas de Imbé, a cerca de 700 metros da orla. A cena, digna de um documentário, reforça a importância da região como refúgio natural para espécies marinhas durante o inverno.
O flagra, feito por meio de um drone da prefeitura local, mostra os dois cetáceos nadando lado a lado, em sintonia. A Secretaria de Meio Ambiente de Imbé confirmou que a ocorrência é comum nesta época do ano, quando esses gigantes dos oceanos buscam águas mais quentes para reproduzir e dar à luz.
Esses mamíferos pertencem à espécie Eubalaena australis, conhecida como baleia-franca austral. Os adultos podem atingir 15 metros de comprimento e pesar até 50 toneladas — embora já tenham sido registradas baleias com 18 metros e 80 toneladas. Seu comportamento dócil e lento facilita os avistamentos, especialmente entre julho e setembro, quando a migração para o sul do Brasil atinge o pico.
Baleias-franca: um ciclo de migração ancestral
Todos os anos, entre junho e novembro, as baleias-franca deixam as águas gélidas do Atlântico Sul para encontrar abrigo em regiões costeiras mais quentes, como o litoral brasileiro. No caso do Rio Grande do Sul, os municípios de Imbé, Torres e Tramandaí têm se tornado pontos de parada frequente.
A longevidade exata da baleia-franca ainda é alvo de estudo, mas estimativas apontam que esses animais podem viver por várias décadas. Ainda assim, enfrentam sérias ameaças devido ao tráfego de embarcações, redes de pesca acidentais e, mais recentemente, ao aquecimento das águas oceânicas causado pelas mudanças climáticas.
Conservação e educação ambiental: passos essenciais
Embora a presença das baleias no Sul do Brasil seja motivo de celebração, especialistas alertam para a necessidade de intensificar as ações de monitoramento e preservação. Organizações ambientais têm trabalhado em parceria com prefeituras litorâneas para orientar a população sobre como agir ao presenciar um animal marinho.
“É fundamental manter uma distância segura, evitar aglomerações de embarcações e jamais tentar se aproximar”, alerta um dos biólogos envolvidos com a gestão costeira da região. Segundo ele, além do risco à saúde dos animais, o estresse provocado pela presença humana pode interferir no comportamento das mães durante a amamentação.
O Instituto Australis, que atua na conservação da baleia-franca, oferece um banco de dados com informações detalhadas sobre a espécie e sua distribuição geográfica ao longo do ano. No site da entidade, é possível acompanhar os locais de ocorrência e contribuir com registros fotográficos feitos por cidadãos.
A comoção provocada pelas imagens em Imbé reacende o debate sobre o equilíbrio entre o turismo ecológico e a conservação marinha. Mais do que uma cena bonita, o episódio serve como lembrete de que a costa brasileira ainda guarda preciosidades naturais que merecem ser protegidas — com responsabilidade, empatia e compromisso ambiental.
Referências da notícia
G1. Praia em família: Baleia-franca e filhote são flagradas no Litoral Norte do RS. 23 de julho, 2025.
Projeto Baleia Franca. Estudo sobre rota migratória. Instituto Australis. Acesso em 24 de julho, 2025.