Por que a Terra está girando mais rápido nesta terça-feira, 5 de agosto? Saiba o que os cientistas estão falando
Nesta terça-feira, a Terra girará mais rápido, tornando o dia 1,25 milissegundo mais curto. Cientistas investigam o que está provocando essa aceleração no planeta.

Na última década, cientistas vêm observando algo fora do comum: os dias na Terra estão encurtando. A diferença pode parecer irrelevante — milissegundos a menos —, mas os efeitos dessa alteração vêm sendo discutidos com seriedade por estudiosos de diversas áreas.
Um novo estudo publicado na revista Nature revelou que o núcleo interno do planeta está oscilando, e isso pode estar diretamente ligado ao recente aumento na velocidade de rotação da Terra. E nesta terça-feira, 5 de agosto de 2025, viveremos um dos dias mais curtos já registrados — com 1,25 milissegundo a menos do que o padrão de 86.400 segundos.
O que está acelerando a rotação da Terra, segundo a ciência
A pesquisa liderada pelo geofísico Hao Ding, da Universidade do Sul da Califórnia, analisou dados sísmicos de décadas e revelou um comportamento inusitado: o núcleo da Terra, formado por ferro sólido, começou a oscilar de forma retrógrada (ou seja, em sentido contrário à rotação terrestre) a partir de 2010. Antes disso, ele girava em sincronia com o manto.
“A interação gravitacional entre o núcleo e o restante do planeta pode ter um papel fundamental nas mudanças que estamos observando no tempo de rotação”, afirma Ding no estudo publicado pela Nature.
Como a rotação mais rápida da Terra pode afetar a nossa vida
Apesar de a diferença ser de apenas milissegundos, ela tem efeitos práticos. Sistemas como GPS, telecomunicações e satélites geoestacionários precisam de ajustes finos baseados no tempo exato de rotação do planeta. E qualquer variação, por menor que seja, precisa ser corrigida.
De acordo com o site Science Focus, 2020 já havia sido um ano atípico. Naquele período, 28 dias foram mais curtos que o habitual. Desde então, os cientistas têm monitorado com mais atenção esses picos de aceleração.
Para manter o tempo universal em sincronia com a rotação real da Terra, usa-se o UTC (Tempo Universal Coordenado). Historicamente, segundos bissextos foram adicionados ao relógio atômico para compensar o movimento irregular e geralmente mais lento da Terra. No entanto, especialistas consideram pela primeira vez remover segundos — algo inédito na história moderna.
Tempo sideral: uma alternativa para medir a rotação real do planeta
Outro conceito essencial nesse contexto é o tempo sideral, conforme explica o projeto Las Cumbres Observatory. Ele baseia-se nas estrelas, e não no Sol, e já está adaptado a variações minúsculas de rotação. Essa medição mais precisa reforça como mesmo mudanças internas profundas da Terra podem afetar como contamos o tempo.
O futuro da rotação terrestre e o que esperar nos próximos anos
Ainda não há consenso sobre quanto tempo essa fase de rotação acelerada vai durar. Alguns modelos sugerem que ela pode se inverter, com o núcleo retomando seu movimento anterior e a rotação diminuindo novamente. Mas essa é apenas uma das muitas possibilidades.
Enquanto isso, os cientistas continuam a monitorar os registros com tecnologia de ponta e modelos computacionais cada vez mais sofisticados.
Embora os efeitos no cotidiano sejam quase nulos para a população em geral, esse fenômeno mostra que nosso planeta está em constante transformação. Até mesmo aspectos que parecem imutáveis — como a duração de um dia — estão sujeitos a alterações provocadas por processos internos naturais.
Referências da notícia
Hao Ding et al. Decadal-scale inner-core rotation and its link to Earth's length-of-day variation. 24 de julho, 2024. Nature.
Science Focus. Earth’s rotation is speeding up – should we be worried?. 8 de junho, 2023.
Las Cumbres Observatory. Sidereal time: What is it and how is it different from solar time?. 2024.