Pesquisa da UnB conduzida por cientistas brasileiros revela potencial do veneno de vespa contra Alzheimer
O Alzheimer, que afeta mais de 1,2 milhão de brasileiros, pode ter seu avanço retardado por uma substância descoberta no veneno da vespa Polybia occidentalis.

O Alzheimer é uma das doenças neurodegenerativas mais desafiadoras da atualidade. Estima-se que mais de 1,2 milhão de brasileiros convivam com a condição, que compromete progressivamente a memória, a cognição e a autonomia. Sem cura até o momento, os tratamentos existentes apenas retardam a evolução dos sintomas, mas ainda não impedem a degeneração cerebral.
Em meio a esse cenário, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) oferece uma nova perspectiva. A equipe descobriu que uma substância presente no veneno da vespa social Polybia occidentalis pode atuar contra o Alzheimer. Os primeiros resultados, obtidos em testes com animais, demonstraram melhora em déficits cognitivos.

Além de revelar o potencial terapêutico dessa peçonha, a pesquisa reúne especialistas de diferentes áreas do conhecimento e mostra como a ciência brasileira pode desempenhar um papel central no desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas de saúde global.
O poder da peçonha e os primeiros resultados
Pesquisadores do Instituto de Psicologia da UnB identificaram que a Polybia occidentalis possui um peptídeo chamado octo vespina. Após ser modificado em laboratório, ele demonstrou capacidade de agir contra a beta-amiloide, proteína diretamente associada ao desenvolvimento do Alzheimer.
A iniciativa conta com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e integra especialistas de diferentes áreas, como farmácia, física, neurofarmacologia e nanotecnologia. O objetivo é transformar a descoberta em um tratamento acessível, seguro e com potencial de uso clínico.
Caminho até o medicamento
Um dos maiores desafios enfrentados pelo grupo é garantir que o composto chegue de forma eficaz ao cérebro. Entre as alternativas estudadas, a aplicação intranasal tem ganhado destaque por ser menos invasiva e mais prática para pacientes. Apesar dos resultados animadores, a equipe lembra que o percurso até a disponibilização do medicamento é longo.
É preciso avançar em infraestrutura, equipamentos e recursos financeiros para viabilizar as próximas etapas. Isso inclui ensaios clínicos, análises regulatórias e aprovação da Anvisa. “Nosso sonho é que essa substância chegue de fato ao mercado, trazendo esperança às famílias que convivem com essa doença tão difícil”, declarou Luana.
Sintomas e cuidados que fazem diferença
Muitos sinais do Alzheimer podem ser confundidos com o processo natural de envelhecimento. Os indícios mais comuns incluem:
- Perda de memória progressiva;
- Dificuldade em realizar tarefas cotidianas, como cozinhar ou cuidar das finanças;
- Problemas para planejar ou organizar atividades;
- Desorientação no tempo e no espaço;
- Dificuldades de linguagem, como esquecer palavras ou usar termos inadequados.
Identificar esses sintomas logo no início e buscar avaliação médica é essencial para que o tratamento seja iniciado o quanto antes.
Embora não exista cura, há alternativas que ajudam a retardar a evolução da doença, como os anticolinesterásicos, que melhoram a memória e a cognição. Além disso, terapias complementares são fundamentais: fisioterapia, exercícios físicos, acompanhamento psicológico e estimulação cognitiva.