Incrível paisagem com vales e cordilheiras é mapeada sob o gelo da Antártica!

Paisagem congelada no tempo! Pesquisadores descobriram um cenário com colinas e cordilheiras escondidas abaixo do gelo da Antártica. Intocada há mais de 34 milhões de anos!

Paisagem escondida na Antártida
Pesquisadores descobriram uma paisagem do tamanho da Bélgica abaixo do gelo da Antártica. Fonte: Durham University.

Novo estudo publicado na Nature, revelou a descoberta de uma vasta e escondida paisagem de colinas e vales esculpidos por rios antigos, que foram “congelados no tempo” sob o gelo da Antártica durante milhões de anos.

Esta paisagem, que é maior do que a Bélgica, permaneceu intocada durante potencialmente mais de 34 milhões de anos, mas o aquecimento global provocado pelo homem pode ameaçar expô-la!

A paisagem desconhecida abaixo do gelo

A terra abaixo do manto de gelo da Antártica Oriental é menos conhecida do que a superfície de Marte, afirmou Stewart Jamieson, glaciologista da Universidade de Durham, no Reino Unido.

É uma paisagem desconhecida, ninguém a viu. O que é emocionante é que ele está escondido à vista de todos, acrescentou Jamieson, enfatizando que os pesquisadores não usaram novos dados, apenas uma nova abordagem.

Realizar este estudo foi um grande desafio para os pesquisadores! Você sabia que a Antártica é maior que o continente Europeu? Pois é, imagine a grandiosidade desta pesquisa.

Assim, os investigadores utilizaram imagens de satélite da superfície para identificar os vales e cordilheiras a mais de dois quilômetros abaixo do gelo antártico. Quando combinados com dados de eco-sondagem de rádio, surgiu uma imagem esculpida por um rio, com vales profundos e colinas pontiagudas, semelhantes a algumas atualmente na superfície terrestre.

Será que tinha vida selvagem?

Esta paisagem, localizada na região de Wilkes Land, na Antártica Oriental, na fronteira com o Oceano Índico, cobre uma área aproximadamente do tamanho da Bélgica ou do estado americano de Maryland.

Os pesquisadores disseram que a paisagem parece datar de pelo menos 14 milhões de anos atrás, e possivelmente mais de 34 milhões de anos atrás, quando a Antártica entrou no seu congelamento profundo.

Acredita-se que era mais quente naquela época, e dependendo de quão longe você voltar no tempo, você pode ter tido climas que variam em qualquer lugar do clima atual, desde uma clima patagônico até um clima tropical. Este ambiente provavelmente teria sido povoado por vida selvagem, embora o registro fóssil da região seja incompleto para indicar quais os animais que possam ter habitado neste ambiente.

O gelo acima desta paisagem possui cerca de 2,2 km a 3 km de espessura.

A suposição inicial é de que, quando o clima da Antártica era mais quente, os rios fluíram em direção a uma costa continental que foi criada à medida que as outras massas da terra se separaram. Então, quando o clima esfriou, algumas pequenas geleiras se formaram nas colinas próximas aos rios, com vales se aprofundando em meio à erosão glacial.

Uma maneira de desvendar os mistérios abaixo do gelo antártico, seria a perfuração do gelo para obter uma amostra dos sedimentos abaixo. Isto poderia garantir evidências que revelassem a flora e a fauna de milhões de anos atrás.

Estamos se aproximando do ponto de inflexão?

Há 34 milhões de anos, a paisagem e a flora da Antártica provavelmente se assemelhavam às atuais florestas tropicais temperadas da Tasmânia, Nova Zelândia e da região da Patagônia da América do Sul.

Estamos no caminho certo para desenvolver condições atmosféricas semelhantes às que prevaleceram entre 14 e 34 milhões de anos atrás, quando a temperatura era de três a sete graus Celsius mais quente, afirmou Jamieson.

Ele ainda enfatizou que a paisagem fica a centenas de quilômetros da borda do gelo para o interior, então qualquer possível exposição estaria muito distante. O fato de o recuo do gelo durante eventos de aquecimento anteriores, como o período Plioceno, há 3 e 4,5 milhões de anos, não ter exposto a paisagem, era motivo de esperança, acrescentou Jamieson. Mas ainda não está claro qual seria o ponto crítico para uma “reação descontrolada”.

Os especialistas alertam que alguns dos maiores glaciares do mundo poderão desaparecer dentro de uma geração, se não ocorrer uma redução drástica nas emissões de gases de efeito estufa.