Onda de calor atinge Espanha com recorde de temperatura máxima

Conforme a onda de calor avança pela Europa, novos recordes de temperatura máxima são registrados na Espanha, onde a temperatura atingiu valores altíssimos de 47,4 °C na província de Montoro. Madrid e Córdoba também registram máximas históricas.

Onda de calor atinge Espanha com recorde de temperatura máxima
O recorde de 47,4 °C ocorreu na cidade de Montoro, conforme o anticiclone apelidado informalmente de “Lúcifer” varria o país esta semana. (imagem: Carlos W.)

Em meio a uma onda de calor prolongada e intensa que afetou todo o sul da Europa e norte da África, mais um recorde de temperatura máxima foi registrado, desta vez na Espanha: 47,4°C. O fenômeno ocorreu na cidade de Montoro, conforme o anticiclone apelidado informalmente de “Lúcifer” varria o país esta semana.

O registro foi confirmado pela Agência Estatal de Meteorologia da Espanha (AEMet) e passa a integrar os recordes de temperaturas altíssimas registradas em todo o país nos últimos dias. Em Madrid, a temperatura máxima de 40,7°C empatou com os maiores recordes da história da cidade - assim como Córdoba, que registrou 46,9°C.

Anticiclones, como o causador desta onda de calor, são regiões de alta pressão associadas a condições de tempo seco e quente. Este sistema meteorológico, originalmente estacionado sobre o Mediterrâneo, se deslocou para sudoeste esta semana. Em sua trajetória, atingiu países como Portugal, Marrocos, Argélia e Itália, onde foi registrada a maior temperatura de toda a história da Europa já na semana passada.

O norte da África também tem registrado recordes de temperatura. No aeroporto de Agadir, em Marrocos, as temperaturas atingiram valores de 49,1°C - a temperatura mais alta já registrada em agosto. Em Kairouan, na Tunísia, houve registros de 50,3°C, recorde de máxima na região.

Até mesmo arquipélagos como as Ilhas Canárias registraram recordes de temperatura máxima, com termômetros atingindo 45,7°C na província de Tasarte. A escassez de nuvens e brisas com rota marítima possibilitou a formação de temperaturas acima de 40°C em basicamente todo o mediterrâneo, boa parte da Europa e do norte da África.

O calor extremo também aumentou a quantidade de focos de incêndios florestais em ambos os continentes, intensificando incêndios em curso na Itália, Turquia, Grécia e Argélia. Na Espanha, os últimos dias resultaram em alguns dos incêndios mais violentos da história recente.

O Anticiclone Lúcifer e as mudanças climáticas

A onda de calor histórica acontece ao mesmo tempo que foi liberado o mais recente relatório climático do IPCC - Onde mais de 230 autores vindos de 66 países, incluindo 7 brasileiros, resumiram e compilaram 14 mil trabalhos científicos sobre as mudanças climáticas. Os resultados indicam que a influência das atividades humanas no aquecimento do planeta é indiscutível, especialmente por meio das emissões de gases de efeito estufa.

Alguns dos resultados indicam que as temperaturas extremas estão se tornando até 10 vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas. Isto significa que ondas de calor como essa, com temperaturas máximas superiores aos 40°C, se tornarão cada vez mais comuns.

Já não é mais possível interromper as mudanças climáticas. Praticamente nenhum país no planeta está preparado para mudar drasticamente indústrias e práticas que levam à emissão de poluentes. Nos cabe, no entanto, ao menos tentar amenizar os efeitos da influência humana no clima, e torcer para que sejamos capazes de lidar com seus resultados cada vez mais extremos.