O que esperar da safra 2025 diante do calor e das chuvas? Conab aponta clima extremo no Brasil

A Conab aponta que o clima extremo no Brasil, com chuvas intensas e calor recorde, pode impactar a safra 2025. Produtores enfrentam desafios como atraso na colheita e estresse hídrico nas lavouras. Saiba mais sobre os impactos!

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Chuvas intensas favoreceram o crescimento inicial da soja e do milho, mas o excesso de umidade pode comprometer a colheita e a qualidade dos grãos.

O Brasil vive um início de ano marcado por extremos climáticos. De um lado, fortes chuvas atingem as principais regiões agrícolas do país, beneficiando algumas lavouras, mas prejudicando outras que estão em fase de colheita. Do outro, ondas de calor extremo elevam as temperaturas a níveis recordes, principalmente no Sul e Sudeste. Essa combinação de fatores pode ter impactos significativos na safra 2024/2025, trazendo desafios para os produtores rurais.

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O Brasil enfrenta um início de ano com extremos climáticos: chuvas intensas beneficiam algumas lavouras, mas prejudicam colheitas, enquanto o calor recorde no Sul e Sudeste agrava o estresse hídrico

De acordo com o Boletim de Monitoramento de Cultivos de Verão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicado em janeiro, as chuvas intensas favoreceram a semeadura e o desenvolvimento inicial das lavouras de soja e milho em diversas regiões. No entanto, em estados como Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, o excesso de precipitação pode prejudicar a maturação dos grãos e atrasar a colheita. Ao mesmo tempo, a redução dos níveis de água em reservatórios para irrigação já preocupa produtores de arroz no Rio Grande do Sul.

Além disso, dados do monitoramento espectral da Conab indicam que, apesar do atraso inicial na semeadura da soja, os índices de vegetação (IV) atingiram ou superaram os valores médios históricos na maioria dos estados. No entanto, em Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, o crescimento do IV foi afetado negativamente pelas condições climáticas adversas, o que pode comprometer a produtividade final.

No caso do arroz irrigado, que depende de reservatórios de água para seu cultivo, os produtores do Rio Grande do Sul já relatam redução dos níveis de armazenamento, o que pode comprometer a produção se a situação persistir. Esse cenário reforça a importância da gestão eficiente da irrigação e da captação de água para minimizar prejuízos.

Já as lavouras de café e frutas, comuns no Sudeste, também sofrem com temperaturas elevadas. O calor extremo pode acelerar o amadurecimento dos frutos, reduzindo sua qualidade e resultando em perdas para os agricultores. Além disso, o estresse térmico pode impactar o crescimento das plantas, exigindo maior atenção ao manejo agrícola.

O que esperar para as próximas semanas?

As previsões meteorológicas indicam que os extremos climáticos continuarão influenciando o cenário agrícola. A chegada de uma frente fria ao Sul do país pode trazer alívio para as temperaturas recordes, mas também aumentará o risco de tempestades severas. Isso significa que produtores devem estar atentos para evitar perdas causadas por ventos fortes, granizo e excesso de chuva.

Enquanto isso, as previsões meteorológicas apontam que o calor extremo continuará nos próximos dias, especialmente na região Sul, onde os termômetros podem chegar a 44°C. O impacto desse calor excessivo pode ser severo para lavouras que dependem de umidade para seu desenvolvimento. A falta de chuvas regulares e as temperaturas elevadas aceleram a evaporação da água no solo, comprometendo a nutrição das plantas e aumentando o risco de estresse hídrico.

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Previsão de temperatura para quinta-feira, 13 de fevereiro, às 12h (horário de Brasília), baseada no modelo ECMWF. O mapa mostra calor intenso em grande parte do Brasil, com risco de tempestades severas no Sul do país.

No Centro-Oeste e Sudeste, a tendência é de chuvas mais regulares, o que pode ser benéfico para lavouras que ainda estão em crescimento. Porém, esse cenário também exige cuidado, pois a umidade elevada pode favorecer o desenvolvimento de pragas e doenças. Diante desse panorama, a recomendação para os produtores é manter um acompanhamento constante das condições climáticas e do estado das lavouras.

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Previsão de precipitação acumulada até domingo, 16 de fevereiro, baseada no modelo ECMWF. O mapa mostra volumes significativos de chuva no Sul

Monitorar previsões meteorológicas, adotar estratégias de manejo adequadas e planejar a colheita de forma estratégica são medidas essenciais para minimizar impactos negativos e garantir uma boa produtividade.

Impactos nas culturas: benefícios e desafios

Os efeitos do clima variam conforme o tipo de cultura e sua fase de desenvolvimento. Para a soja e o milho, principais grãos cultivados no Brasil, as chuvas registradas no início do ano foram benéficas para a germinação e o crescimento das plantas. No entanto, o excesso de umidade pode causar problemas na fase final do ciclo. O encharcamento do solo dificulta a colheita e pode afetar a qualidade dos grãos, tornando-os mais suscetíveis a doenças fúngicas.

Já as lavouras de café e frutas, comuns no Sudeste, também sofrem com temperaturas elevadas. O calor extremo pode acelerar o amadurecimento dos frutos, reduzindo sua qualidade e resultando em perdas para os agricultores. Além disso, o estresse térmico pode impactar o crescimento das plantas, exigindo maior atenção ao manejo agrícola.

O clima sempre foi um fator decisivo para a agricultura, e a safra 2025 será um grande teste para a resiliência do setor. A adaptação a essas variações será fundamental para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção agrícola no Brasil.

Referência da notícia

Boletim de Monitoramento de Cultivos de Verão - Janeiro 2025 (Vol. 14, Nº 01). 30 de janeiro, 2025. Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).