Nuvem gigante de poeira no Atlântico Sul pode atingir o Brasil?

Nuvens de poeira têm se tornado frequentes e têm assustado moradores de diversas partes do Brasil. Desta vez, uma enorme nuvem de poeira com mais de 600 mil km² está avançando pela costa do Atlântico Sul, devemos nos preocupar?

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Nuvem de poeira se desloca pelo Atlântico Sul. Fonte: NOAA

Uma massa de ar seco tem atuado sobre boa parte da região Sul do Brasil, o que tem mantido as condições de céu claro, ensolarado e sem presença de nebulosidade neste início de semana especialmente no Rio Grande do Sul. No entanto, há suspeitas de que o céu possa ficar mais acinzentado no leste gaúcho nesta terça-feira (26), mas por quê afinal?

Meteorologistas argentinos relataram a formação da enorme nuvem de poeira após um forte temporal de ventos que atingiu a Patagônia no último domingo (24). Os cientistas confirmaram que os ventos foram os mais fortes dos últimos anos, com rajadas que alcançaram a força de um furacão e provocaram danos na região.

Agora, a nuvem com uma área de 615 mil km² se move pela costa do Atlântico Sul, de acordo com a imagem de satélite publicada pelo pesquisador e cientista da NASA, Santiago Gassó.

Segundo Gassó, a tempestade de vento na Patagônia gerou uma rajada de poeira, produzindo uma nuvem gigante que agora está sobre o mar e pode ser vista do satélite.

Registro da tempestade

A nuvem de poeira se formou por consequência de uma área de baixa pressão atmosférica muito profunda que já atuava ao sul do Chile e da Argentina, e a passagem de uma frente fria que foi responsável pela ocorrência de neve em Ushuaia e os ventos intensos atípicos na Patagônia.

Através do boletim técnico divulgado pelo Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, sabe-se que as rajadas de vento durante o temporal de domingo alcançaram a casa dos 163 km/h em Esquel, 142 km/h em Comodoro Rivadavia, 122 km/h em Pueto San Julián e 111 km/h em Bariloche e em Santa Cruz.

Nuvem de poeira chegará ao Brasil?

Vale ressaltar que esta nuvem de poeira que vem se deslocando pela costa do Atlântico Sul não se comparada aos fenômenos que foram relatados no interior de São Paulo e em áreas do Centro-Oeste no último mês até com certa frequência.

Embora incomum, o fenômeno não é considerado anormal, trata-se de materiais particulados em suspensão na atmosfera, assim como ocorre normalmente com a poeira do Saara que chega ao Caribe e ao continente europeu.

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Nuvem de poeira chegando ao Uruguai e se aproximando do Rio Grande do Sul. Fonte: Jaguarão Online

As nuvens de poeira que ocorreram no interior do Brasil no último mês foram resultado de frentes de rajada que encontraram uma condição de solo seco e com sujeira depositada durante um longo período por consequência da estiagem, do desmatamento e das queimadas, com correntes de vento que arrastaram as camadas de solo mais secas causando a nuvem de poeira.

No entanto, agora com um período mais úmido no país é difícil o fenômeno acontecer. Aliás, meteorologistas reiteram que este tipo de nuvem de poeira que está avançando pela costa do Atlântico Sul, com materiais particulados mais predominantemente sobre o mar e não sobre áreas continentais, devam provocar no máximo um céu mais acinzentado e realçar as cores do nascer e do pôr do sol no leste gaúcho, área que está mais próxima da nuvem.