Imagem astronômica feita por professor da UFSCar conquista prêmio internacional de fotografia

Entre quase seis mil concorrentes de 68 países, uma imagem brasileira se destacou e foi selecionada pelo mais importante prêmio de fotografia astronômica do planeta.

Fotografia astronômica feita em São Carlos é exibida em Londres e marca presença brasileira no cenário científico global.
Fotografia astronômica feita em São Carlos é exibida em Londres e marca presença brasileira no cenário científico global. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O céu de São Carlos foi palco de uma das imagens astronômicas mais celebradas de 2025. Captada por Marcelo Adorna Fernandes, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a fotografia da Nebulosa Eta Carina foi escolhida entre quase seis mil inscrições no concurso ZW Optics Astronomy Photographer of the Year, promovido pelo Royal Observatory Greenwich, no Reino Unido.

O docente, que atua no Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) da universidade, teve sua imagem como a única representante brasileira entre as 5.882 inscritas, vindas de 68 países. A conquista reforça o protagonismo da ciência produzida no Brasil, mesmo com recursos modestos.

A fotografia compõe o livro “Astronomy Photographer of the Year 2025”, publicação anual do Royal Observatory que reúne as 140 melhores imagens astronômicas do mundo. Além disso, os registros selecionados estão expostos desde setembro no Museu Marítimo Nacional, em Londres, espaço vinculado ao Royal Museums Greenwich.

Uma trajetória de paixão e dedicação à astronomia

Apesar de Marcelo ser paleontólogo de formação, o interesse pelos astros surgiu ainda na juventude, quando fundou o Grupo de Astrônomos Amadores (Gama), em Araraquara. Na década de 1980, se destacou ao ser o primeiro da região a observar o cometa Halley. Desde então, tornou-se um divulgador da ciência, promovendo exposições e observações públicas em praças com telescópios.

Atualmente, realiza seus registros no observatório amador Kronos, construído no quintal de sua residência. O espaço, com cerca de nove metros quadrados e telhado retrátil, abriga telescópios diversos, incluindo um newtoniano de 250 mm, feito por ele mesmo, usados na captura de imagens de “Céu Profundo”, revelando luzes emitidas há milhares ou milhões de anos.

Brasileiro vence maior prêmio de astrofotografia do mundo com imagem feita no quintal.
Brasileiro Marcelo Adorna Fernandes vence maior prêmio de astrofotografia do mundo com imagem feita no quintal. Foto: Reprodução/ Redes Sociais

O nome remete ao deus do tempo na mitologia grega, conectando sua atuação como paleontólogo à astronomia, já que observar o céu também é olhar para o passado, através da luz que percorreu longas distâncias até chegar aos nossos olhos.

Nos últimos dois anos, o docente intensificou sua dedicação à astrofotografia, ganhando visibilidade entre profissionais e amadores da área. Além da imagem premiada, outro de seus registros — da Nebulosa Cabeça de Golfinho — foi publicado nas Efemérides Astronômicas 2025 do Observatório do Valongo, vinculado à UFRJ.

Representatividade e inspiração

A conquista internacional tem significado especial para quem sempre enxergou a astronomia como ferramenta de inclusão e inspiração. E foi justamente com esse espírito que Marcelo declarou:

“Sempre gostei de olhar para o céu e compartilhar esse olhar. A astronomia é uma das ciências mais inclusivas, porque desperta curiosidade e fascínio em qualquer pessoa que se permita observar o universo.”

A mensagem do professor vai além da conquista pessoal: revela o poder da curiosidade científica e do conhecimento acessível. Em tempos de desafios à ciência, seu trabalho reafirma o valor de olhar para o alto, com atenção, sensibilidade e paixão.

Referências da notícia

Professor da UFSCar é Fotógrafo de Astronomia do Ano pelo Royal Observatory Greenwich. 13 de outubro, 2025.