Geração desinformada: 36% dos jovens não sabem em que bioma vivem

O bioma em que vivemos é rico e diversificado, cheio das belezas e surpresas naturais. Mas você sabe em que bioma vive? Uma pesquisa revelou que uma boa parcela dos jovens não faz ideia.

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O Brasil é rico em diversidade de biomas, talvez por sua grande extensão. Seria esse o motivo de jovens não saberem o bioma em que vivem?

Você certamente já teve dúvidas sobre uma planta, uma árvore que achou bonita ou diferente, então é bem provável que também já se questionou sobre o bioma em que vive. Muitos jovens não fazem ideia dessa resposta, é o que mostra uma nova pesquisa que apontou que cerca de 36% dos jovens não sabem o bioma em que vivem.

Em um mundo cada vez mais digital e avançado tecnologicamente, a nova geração tem ficado cada vez mais afastada na realidade do mundo, e a relação entre juventude e meio ambiente tem deixado a desejar. Mais de cinco mil jovens foram ouvidos em uma pesquisa com uma pergunta simples e as respostas não foram animadoras.

Com mais de cinco mil jovens questionados sobre o bioma em que vivem, pesquisa revela que a juventude da Amazônia é a que menos se preocupa com questões ambientais.

Jovens entre 15 e 29 anos foram questionados sobre o bioma em que vivem e uma parcela significativa não soube responder, segundo o levantamento conhecido como “JUMA”. Vale ressaltar que os jovens selecionados tinham classes sociais e níveis de escolaridade diversificadas, e que a pesquisa foi realizado nas várias regiões do país, ou seja, não é uma “ignorância intelectual” a parte de um grupo específico.

Cadê o protagonismo juvenil?

Há anos são noticiadas diariamente a luta pela proteção ambiental ao redor de todo o mundo, e cada vez mais nota-se a presença de jovens nessa batalha. Porém, apesar desse protagonismo juvenil em questões ambientais, cerca de 36% dos jovens não fazem nem ideia do bioma em que vivem. Como estão lutando por algo que nem conhecem?

A pesquisa intitulada “Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas” que foi divulgada na terça-feira, 4 de abril, revelou que ainda é preciso investir em educação no combate da desinformação sobre os temas ambientais. Ainda que muitos jovens estejam se interessando e lutando em prol do meio ambiente, muitos ainda precisam se apropriar dos temas básicos.

Foram ouvidas 5.150 pessoas com idades entre 15 e 29 anos, ou seja, a faixa etária jovem que tem acesso a tanta informação por todos os lados hoje em dia, isso claro, a grande maioria. Mas mesmo com facilidade de informações, muitos desconhecem o próprio bioma, muitos não se importam com as questões ambientais, até mesmo a juventude da Amazônia, o que acende um alerta ainda maior.

O trabalho foi realizado em uma parceria entre as redes Em Movimento e Conhecimento Social e as organizações Engajamundo, Instituto Ayíka e GT de Juventudes do movimento Uma Concertação pela Amazônia.

Juventude brasileira desinformada

Os resultados foram surpreendentes de forma negativa, uma vez que a maior parte dos jovens que não souberam responder sobre o bioma em sua região foi registrada no Sul e no Sudeste, em que a Mata Atlântica é o bioma predominante. E não adianta falar que a pesquisa foi feita com pessoas sem alto grau de escolaridade porque foi justamente o contrário: 4 a cada 10 jovens questionados, já haviam cursado ensino superior ou pós-graduação.

Mesmo entre aqueles que indicaram o bioma da região em que moram, percebe-se algumas confusões: pessoas do Sudeste e Sul acharem que moram na Amazônia ou Caatinga, ou jovens do Nordeste que acreditam viver no Pampa.

A pesquisa ainda revelou que apesar de hoje existirem alguns protagonismos jovens importantes nas questões ambientais, menos de 30% dos jovens dizem conversar com certa frequência sobre meio ambiente. Os assuntos mais debatidos entre a juventude é a qualidade na educação e direitos das mulheres. Inclusive, o meio ambiente ficou em sexto lugar na importância para os jovens, ficando atrás de educação, combate à corrupção, segurança, economia, trabalho e renda.

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Jovens durante a apresentação dos resultados da pesquisa, no dia 4 de abril, em São Paulo. Foto – JUMA23/Pedro Paquino

De 90% dos jovens que participaram da pesquisa, 50% se disseram totalmente preocupados com o meio ambiente e 40% disseram que se preocupam mais ou menos. Dos biomas brasileiros, 88% dos jovens fazem parte da Amazônia e foram os que menos demonstraram preocupação com a temática, um reflexo que segundo a jovem amazônida Thalita Silva pode ser: “a gente que nasce no Norte do Brasil, tem um grande dificuldade de identificação, resquícios diretos do processo de colonização, que está em curso até hoje, nunca acabou, por vezes sentimos vergonha de assumir nossa identidade”.

As catástrofes no Brasil x Mundo

Apesar de cada vez mais serem noticiadas catástrofes no Brasil com relação aos eventos extremos de precipitação ou seca, enchentes, queimadas, deslizamentos de terra e muitos outros, quando questionados, os jovens apontam o derretimento das geleiras como evento climático mais relevante. Mas por que olhamos para os desastres no mundo com outros olhos frente aos que nós enfrentamos aqui na América Latina?

O fato é que necessitamos de mais informações, mais ensinamentos sobre as visões de mudanças climáticas e aquecimento global, os efeitos disso não só fora do Brasil, mas como nós seremos diretamente impactos.

A informação é uma construção diária, mas a boa notícia é que estamos na direção certa teoricamente. 80% dos jovens concordam que reservas ambientais ajudam a diminuir os efeitos dessas mudanças no clima do planeta, 61% prioriza o investimento em fontes de energia limpa e renovável, 37 % defende a ampliação da preservação ambiental e cerca de 37% defende o investimento em ciência, pesquisa e tecnologia.