Fosse Dionne, um poço sem fundo enigmático na Borgonha francesa

Em pleno 'coração' da Borgonha francesa existe um poço "sem fundo" envolto em um halo de mistério. Que lugar é esse realmente? E será que alguma vez sua origem será conhecida? Saiba mais aqui.

Fosse Dionne é um grande exemplo de ressurgência cárstica e até agora ninguém foi capaz de descobrir sua origem.

Apesar do grande avanço da tecnologia nas últimas décadas, ainda existem vários lugares do nosso planeta que estão envoltos em um halo de lenda ou mistério, e que a ciência ainda não consegue explicar. Um deles, conhecido há milhares de anos, fica em Tonnerre, uma cidade da Borgonha francesa.

Uma fonte conhecida pelos celtas e objeto de muitas lendas

No centro de Tonnerre existe uma fascinante nascente com águas de um azul intenso, conhecida como Fosse Dionne (algo como Poço Divino). Os celtas já a consideravam uma fonte sagrada, e posteriormente os romanos a utilizaram como fonte de água potável, desenvolvendo-se uma população ao redor do poço. Por volta do século VII, San Juan de Roma esteve nestas terras e aproveitou para limpar a nascente, que na época era um pântano inutilizável.

Na Idade Média pensava-se que uma grande serpente vivia no fundo do poço, ou que poderia ser um portal para outro mundo.

Durante esses séculos, numerosas lendas circularam sobre este poço. Na Idade Média pensava-se que uma grande serpente vivia em suas profundezas, e também haviam os que afirmavam ser a porta para outro mundo. Transformado em balneário por volta do século XVIII, após a Revolução Francesa, o interesse em conhecer sua origem e sua profundidade começou a crescer cada vez mais.

Um grande exemplo de ressurgência cárstica

Fosse Dionne é um grande exemplo de fonte cárstica. Os territórios cársticos são aquelas regiões constituídas por rochas compactas e solúveis, principalmente calcárias, dando origem a uma paisagem muito peculiar, com a presença de sumidouros, desfiladeiros, precipícios, ribeiros subterrâneos ou cavernas.

No caso deste manancial, ele jorra em média cerca de 311 litros de água por segundo, o que é uma vazão bastante alta, embora a velocidade com que flui varie dependendo da estação. Provavelmente, a água viaja no subsolo por cavernas a pelo menos dezenas de quilômetros, de outro ponto onde se infiltra no subsolo.

Como é usual neste tipo de ressurgência, o fluxo é altamente variável e com filtragem mínima. Dependendo das chuvas, tempestades ou degelo, podem sair até 3.000 litros por segundo! No entanto, ninguém conseguiu localizar sua origem até agora e, considerando os últimos precedentes, parece que vai demorar muito para se descobrir.

Expedições fracassadas e mortais

Nas últimas décadas, três mergulhadores morreram tentando chegar à origem desta fonte. Dois deles em 1974 e um em 1996. Entraram, mas não saíram. Há dois anos, o mergulhador Pierre-Éric Deseigne chegou a explorar 370 metros de cavernas inundadas, descendo cerca de 70 metros. Felizmente, ele voltou com vida, mas sem encontrar a origem do manancial.