Firework no espaço: Katy Perry e Embrapa disparam batata-doce e grão-de-bico rumo às estrelas
Em missão suborbital com Katy Perry, sementes brasileiras de batata-doce e grão-de-bico viajaram ao espaço. A iniciativa une ciência e inovação para explorar formas sustentáveis de cultivo em ambientes extremos, como Marte e a Terra.

Quem imaginaria que uma estrela pop e a ciência brasileira dividiriam o mesmo foguete? Em uma missão inédita da Blue Origin, realizada em abril de 2025, a cantora norte-americana Katy Perry embarcou em uma jornada suborbital ao lado de sementes de batata-doce e grão-de-bico desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças. A ação foi coordenada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), em colaboração com a Rede Space Farming Brazil e apoio da norte-americana Winston-Salem State University (WSSU).
O objetivo é claro: entender como culturas alimentares essenciais se comportam fora da Terra. Com a busca por soluções sustentáveis para missões espaciais longas e até possíveis colonizações em ambientes como a Lua ou Marte, estudar o desenvolvimento dessas plantas em microgravidade pode ser a chave para garantir alimentação saudável no cosmos, e também aqui, em solos desafiadores do nosso próprio planeta.
Cultivares com vocação espacial
O grão-de-bico BRS Aleppo e as batatas-doces Beauregard e Covington foram as escolhidas para representar a agricultura brasileira no espaço. Os motivos vão além do simbolismo: essas variedades foram desenvolvidas pela Embrapa por sua resiliência, crescimento rápido e alto valor nutricional. Além disso, são cultivares que exigem poucos insumos e possuem boa adaptabilidade a diferentes tipos de solo, características ideais para ambientes hostis como o espaço sideral.

Durante os cerca de cinco minutos em microgravidade, as amostras foram submetidas a condições extremas que simulam os desafios enfrentados fora da Terra. Após o retorno à superfície, as sementes e mudas serão analisadas quanto a possíveis mudanças em seu desenvolvimento, fisiologia e até expressão genética. Esses dados são cruciais para o avanço da agricultura espacial, que pretende viabilizar o cultivo em habitats extraterrestres.
Alimentos espaciais, soluções terrestres
Engana-se quem pensa que o projeto é voltado exclusivamente à conquista de Marte. Os aprendizados dessa pesquisa poderão beneficiar regiões terrestres marcadas por estiagens severas, solos degradados ou baixa fertilidade. Ao selecionar cultivares adaptadas a extremos, a Embrapa reforça seu papel na segurança alimentar e climática.

Entre os potenciais benefícios, destacam-se:
- Redução da dependência de insumos agrícolas intensivos
- Desenvolvimento de sistemas produtivos resilientes às mudanças climáticas
- Geração de cultivares com maior eficiência nutricional
- Incentivo à pesquisa e inovação em ambientes escolares e universitários
- Valorização do papel da ciência brasileira em temas globais

A presença de uma celebridade como Katy Perry na missão também amplia o alcance da mensagem científica. A artista, além de embaixadora da causa, atraiu os holofotes da mídia para um tema muitas vezes restrito à academia: a urgência de repensar a forma como produzimos alimentos em um planeta que se aquece.
Brasil na vanguarda da agricultura do futuro
Além da inovação tecnológica, essa missão representa um marco de diplomacia científica e protagonismo brasileiro. Em um mundo onde a capacidade de produzir alimentos em condições extremas se tornará cada vez mais estratégica, países com know-how em biotecnologia agrícola, como o Brasil, ganham espaço, literalmente.
A partir de agora, grão-de-bico e batata-doce espaciais não são apenas curiosidades: são vetores de esperança para garantir alimentação sustentável a bordo de naves espaciais, mas também nas comunidades rurais do semiárido nordestino ou em áreas degradadas da Amazônia. O que começou como uma viagem de dez minutos ao espaço, pode ser o início de uma nova era para a agricultura nacional.