Fim de semana de tempo severo e impactos nos EUA

Em meio ao surto de coronavírus, parte do centro-leste dos Estados Unidos registrou tempestades severas neste sábado, algumas com atividade tornádica e impactos a população. Mas o aumento da umidade do ar poderia de alguma forma ajudar a combater o Covid-19?

Um surto de tempo severo gerou várias ocorrências de granizo, tornado e ventos fortes nos Estados Unidos.
Vários tornados atingiam os Estados Unidos no fim de semana.

A primavera é uma estação agitada nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, com direito a tempestades severas que geram fortes impactos a população anualmente. O principal sistema protagonista do tempo severo nesta época no país é a linha seca (dry line em inglês). Para saber mais sobre este sistema e a temporada de tornados nos EUA, clique aqui.

Mas neste fim de semana não foi a linha seca sobre as Grandes Planícies que resultou em tempo severo. Dessa vez, a passagem de uma perturbação superior sobre os EUA conduziu um sistema de baixa pressão e sua frente fria pelo centro-leste do país. No setor quente do sistema, a umidade do Golfo do México atraída para o norte interagiu com a instabilidade e o cisalhamento vertical do vento, resultando em trovoadas severas ontem (28).

Até o momento do preparo deste artigo, a NOAA contabilizou 113 ocorrências de granizo, 172 de ventos prejudiciais e 17 de tornados no surto de tempo severo de ontem (28). No estado do Arkansas, um grande tornado atingiu Jonesboro próximo do fim da tarde. Fortes danos foram reportados em estruturas e veículos na parte leste da cidade. Não houve relatos de feridos e mortos. Câmeras de rodovias e de moradores da cidade registraram a passagem do tornado.

Apesar do número grande de tornados no sábado, o único reportado até então em áreas urbanas pela imprensa dos Estados Unidos e com fortes impactos foi o de Jonesboro.

Relação Covid-19 X condições meteorológicas nos EUA

Conforme a tempestade se desloca pelos Grandes Lagos neste começo da semana, ventos de sudoeste aumentarão a umidade relativa (UR) na região do estado de Nova Iorque, área que se tornou o epicentro do novo coronavírus no país. Mas o aumento da UR seria benéfico para o combate ao Covid-19?

Talvez sim de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM). "Até o momento (24/03/2020), não há um número significativo de estudos científicos que leve à confirmação, sem sombra de dúvidas, de que as condições climáticas como, temperatura e umidade relativa do ar, afetem a disseminação do novo coronavírus. Porém, estudos científicos anteriores (já publicados), feitos com outros tipos de coronavírus, mostram que esses tipos de vírus têm sua disseminação dificultada conforme aumenta a UR.

A doença Covid-19 dissemina-se pelo ar por meio de microgotas, principalmente, quando são expelidas por pessoas infectadas quando tossem ou espirram, as quais podem "viajar" por metros antes de caírem no chão (alguns estudos dizem que até 4,5 metros). Estudos mostraram que quanto maior a umidade, maiores são as chances dessas migrogotas se chocarem com outras microgotas de água, presente no ar, ficando assim mais pesadas e caindo ao solo mais rapidamente. Obviamente, isso diminui a probabilidade de disseminação da doença pelo ar, que é um dos modos de disseminação mais importantes", diz um texto extraído do Portal Maringá Post que foi escrito pelos professores doutores Emerson M. Girotto, Jesuí V. Visentainer e Jeane E. L. Visentainer da UEM.