EUA restringem dados meteorológicos de satélite a partir de agosto por riscos cibernéticos
Estados Unidos suspendem acesso público a dados meteorológicos por satélite a partir de agosto, citando riscos cibernéticos. Medida gera temores sobre redução da qualidade das previsões e impactos em pesquisa climática.

A partir de agosto, os Estados Unidos vão restringir o acesso público a dados meteorológicos satelitais coletados pelo programa Defense Meteorological Satellite Program (DMSP), operado pela Força Aérea e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). A decisão foi atribuída a "riscos de cibersegurança" que colocariam em perigo sistemas governamentais sensíveis.
Inicialmente, o corte estava previsto para o fim de junho, mas acabou sendo adiado para 31 de julho em resposta a protestos de meteorologistas e entidades científicas. O governo, após pressão externa, manteve o fornecimento até essa nova data.
Dados afetados incluem observações por micro-ondas do SSMIS (Sensor Especial de Imagem/Sondador de Micro-ondas, em português) e outras métricas de cobertura de nuvens, temperatura e umidade, essenciais para previsões de tempestades, furacões e gelo marinho.
Impactos em meteorologia e clima polar
Especialistas alertam que a redução do fluxo de informações, especialmente durante a temporada de furacões no Atlântico, pode provocar atrasos na emissão de alertas e perda de precisão nas previsões. A ausência dos dados de micro‑ondas aumenta o risco de “surpresas ao amanhecer” — quando tormentas se intensificam rapidamente durante a noite sem serem detectadas.

O Guardian destacou que o corte pode reverter décadas de avanços em modelagem climática, prejudicando o monitoramento do gelo no Ártico e nas regiões polares, áreas críticas em um mundo em aquecimento. O NSIDC e outras instituições científicas anunciam a busca por fontes alternativas, como satélites japoneses, mas reconhecem transição demorada e menos eficaz.
Meteorologistas como Peter Knippertz, do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, ressaltam que pequenas variações ambientais têm impacto significativo em um sistema caótico como a atmosfera. A perda dos dados micro‑ondas representa “uma perda estatisticamente mensurável na qualidade das previsões”, afirmou.
Reação da comunidade científica e governo
Especialistas e veículos como CBS News (via Military Times) relataram uma rápida mobilização de meteorologistas civis para solicitar reavaliação da medida. O corte foi percebido como precipitado e pouco transparente, com consequência direta na segurança pública durante temporais e furacões.
Além disso, cortes orçamentários recentes na NOAA e no Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, associados à administração Trump, já haviam reduzido a capacidade operacional dessas instituições, piorando o cenário de escassez de dados e pessoal.
Reversão da decisão e próximos passos
Nessa terça-feira, 29 de julho de 2025, entretanto, o Pentágono anunciou a reversão parcial da decisão: o acesso público aos dados será mantido até setembro de 2026, quando os satélites DMSP, já envelhecidos, deverão ser desativados.

Novos satélites — o Weather System Follow‑On Microwave — estão sendo implantados, com um já em funcionamento desde abril e outro previsto para lançar em 2026.
Embora a NOAA afirme que possui outras fontes de dados, analistas meteorológicos e especialistas em furacões consideram os dados do DMSP insubstituíveis no curto prazo, especialmente para detectar intensificação rápida de tempestades durante a noite.
Referências da notícia
DW Brasil. EUA restringem acesso global a dados meteorológicos. 2025
CBS News. Key data used in hurricane forecasting will be cut by end of July, NOAA says. 2025