Amazônia perdeu área equivalente à França em 40 anos de desmatamento
MapBiomas aponta que pastagens, agricultura e mineração avançaram de forma acelerada desde 1985. Governo federal tenta frear destruição com políticas e monitoramento, mirando desmatamento zero até 2030.

A Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2024 — uma área equivalente ao território da França. Os dados fazem parte do novo relatório divulgado nesta segunda-feira (15) pelo MapBiomas, uma rede colaborativa que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia com foco em mapeamento e uso do solo no Brasil.
Segundo o levantamento, a floresta amazônica já perdeu 13% de seu território apenas nos últimos 40 anos. Quando somada à degradação anterior ao período analisado, a perda total de vegetação nativa chega a 18,7% do bioma. Deste total, 15,3% foram convertidos diretamente em áreas ocupadas por atividades humanas, como agropecuária, mineração e silvicultura.
A maior parte da devastação ocorreu sobre formações florestais, que perderam sozinhas 49,1 milhões de hectares. O estudo alerta que a Amazônia se aproxima do chamado “ponto de não retorno”, entre 20% e 25% de perda, quando a floresta perde sua capacidade de regeneração e funcionamento como sistema ecológico.
Pastagens e agricultura lideram avanço sobre floresta
A análise do MapBiomas destaca a velocidade de conversão do solo na região. As pastagens foram o uso antrópico que mais cresceu em área absoluta: passaram de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões em 2024, um aumento de 355%.
Outro destaque do relatório é a silvicultura, que teve a maior expansão percentual no período: de 3,2 mil hectares para 352 mil hectares — um salto de mais de 110 vezes. A mineração, por sua vez, aumentou de 26 mil para 444 mil hectares. A ocupação humana total cresceu 471%, ou 57 milhões de hectares.
Governo reforça ações para frear desmatamento
Diante do cenário crítico, o governo federal tem intensificado ações para reduzir o desmatamento. Entre as principais medidas está a reativação do Fundo Amazônia e a criação da Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento, com participação de 19 ministérios.

O monitoramento contínuo da região é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontou uma redução de até 45,7% nos alertas de desmatamento entre 2023 e 2024. Dados recentes do sistema Deter mostram que, de agosto de 2024 a julho de 2025, as áreas sob alerta atingiram 4.495 km² — o segundo menor nível da série histórica.
A queda foi mais significativa nos alertas de corte raso sem uso de fogo, com redução de 8% em relação ao ano anterior, atingindo o menor patamar já registrado. Apesar disso, eventos como incêndios florestais contribuíram para uma alta pontual de 4% no total de áreas sob risco.
Investimentos e cooperação internacional
O governo também anunciou recentemente o programa “União com Municípios”, com previsão de R$ 150 milhões em recursos para apoiar estados e prefeituras no combate ao desmatamento. Os recursos são provenientes do BNDES e da Anater.
Além disso, o Brasil se prepara para sediar a COP 30, em Belém, em 2025 — evento considerado estratégico para reafirmar os compromissos ambientais do país no cenário internacional.
A meta do governo é zerar o desmatamento ilegal até 2030, mas o desafio permanece imenso. Pressões da expansão agrícola, mineração ilegal e mudanças climáticas tornam urgente a implementação efetiva de políticas públicas que garantam a preservação do maior bioma do planeta.
Referências da notícia
Agência Brasil. Em 40 anos, Amazônia perdeu equivalente ao território da França. 2025