Desmatamento na Amazônia dispara em 2020

O número de queimadas na Amazônia está caindo em relação ao ano de 2019, porém o desmatamento está acelerando intensamente em 2020. O Brasil pode produzir até 20% a mais de gases do efeito estufa neste ano. A maioria dos países está diminuindo as emissões devido ao isolamento social.

Desmatamento em alta na Amazônia
O primeiro trimestre de 2020 teve recorde histórico de desmatamento da Amazônia e deve continuar aumentando devido à falta políticas ambientais e punições.

Globalmente, as emissões de dióxido de carbono, um dos gases de efeito estufa, deverão cair 7% este ano, de acordo com outro estudo publicado na revista Nature Climate Change esta semana. Essa seria a maior redução anual de emissões absolutas desde o final da Segunda Guerra Mundial. Porém, o Brasil está indo na contramão desta redução em resposta ao aumento do desmatamento da floresta Amazônica.

Instintivamente, poderíamos pensar que com a redução da atividade econômica, haveria uma redução do desmatamento. Porém, o aumento desmatamento na Amazônia ocorre justamente pela falta de ações ambientais dos últimos meses causadas pelo desmantelamento do Ibama, do ICMBio, e criação medida provisória da Grilagem que gerou vista grossa às invasões de terras indígenas. Isso tudo forma o conjunto do aumento do desmatamento. Mas como o desmatamento aumenta as emissões de gases do efeito estufa?

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O processo de formação de florestas exige uma grande absorção de carbono. As madeiras das árvores mantém o carbono em suas estruturas. A Amazônia, que possui 60% da área no Brasil, é a maior floresta tropical do mundo e absorve grandes quantidades de carbono do ambiente. Ao desmatar grandes proporções da floresta, o carbono volta à atmosfera para formar monóxido e dióxido de carbono. Além disso, o desmatamento que tem a finalidade de criação de pastos e aumento da população bovina leva a produção de metano que também é um gás do efeito estufa.

Queimadas e desmatamento na Amazônia

Os três primeiros meses de 2020 somaram 4.037 focos de queimadas, uma redução de 35% em relação a 2019, quando no mesmo período foram registrados 6.170 focos na Amazônia. Por outro lado, os índices do desmatamento tiveram um forte aumento no mesmo período, com crescimento de 63%, de acordo com os dados do DETER (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real). O número saltou de 503 km² de área desmatada em 2019 para 796 km² no primeiro trimestre deste ano. O sistema do DETER mostra o quanto de desmatamento foi detectado nesses meses e não o que efetivamente foi desmatado no período.

O crescimento do desmatamento na Amazônia liga um alerta, pois está consolidando o final do longo período de reduções na perda de cobertura florestal obtida com a implementação do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento para a Amazônia, lançado em 2004.

Além disso, poderíamos estar perigosamente perto do que os cientistas chamam de "o ponto de inflexão" - quando a natureza da Amazônia mudará completamente. Isso acontecerá quando o desmatamento total atingir entre 20% e 25% - e isso poderá ocorrer nos próximos 20 ou 30 anos. Isso faria com que a duração da estação seca e as temperaturas na floresta aumentassem. As árvores começariam a morrer e a floresta tropical poderia se tornar mais como uma savana seca.