Cientistas mapeiam os danos da explosão em Beirute

Depois da tragédia causada pela grande explosão no porto de Beirute, no Líbano, informações combinadas de radares e satélites ajudam a conhecer os detalhes da área atingida pelos danos. Esta informação é vital tanto para o socorro quanto para a reconstrução.

Radar
O uso de informações complementares de radar e satélite permite obter informações valiosas sobre a área danificada pela explosão.

As imagens que percorreram o mundo em 4 de agosto foram realmente chocantes. Após um primeiro incêndio, uma grande explosão devastou o porto de Beirute, capital da República do Líbano. Horas depois, a maior parte da mídia internacional encontrou uma resposta para a explosão: mais de 2.700 toneladas de nitrato de amônio depositadas no porto foram atingidas pelo calor de um incêndio provocado pelos reparos que estavam sendo realizados.

O nitrato de amônio é um produto químico amplamente utilizado na agricultura como fertilizante e é altamente explosivo. Normalmente é estável, mas quando queima ou entra em contato com uma fonte de calor é altamente explosivo. Em Beirute, agências de notícias como a Associated Press estimam as mortes de pelo menos 135 pessoas, 5.000 feridos de gravidade variada e 300.000 desabrigados.

Segundo informou a Earth Observatory, após a explosão, imagens de radar de satélite passaram a ser utilizadas para mapear a extensão e a gravidade dos danos. Por enquanto, os primeiros cálculos econômicos estimam as perdas em um valor entre 10 e 15 bilhões de dólares. Para uma economia falida como a do Líbano, a explosão foi uma tragédia.

Tecnología que compara imágenes

As imagens do radar de satélite estão ajudando a entender a real extensão dos danos causados pela explosão e nos permitem detectar áreas onde as pessoas precisam de mais assistência. A imagem principal que acompanha a notícia é o resultado de uma das saídas geradas pelo Advanced Rapid Imaging and Analysis Team (ARIA) da NASA, em conjunto com o Earth Observatory Singapore (EOS).

Para interpretar as informações obtidas do radar do satélite, os pixels vermelhos escuros indicam áreas de danos mais graves, enquanto o laranja e o amarelo são áreas de danos moderados ou setores parcialmente danificados. A resolução de cada pixel representa uma área de 30 metros quadrados.

A técnica usada para obter este tipo de informação compara as mudanças na superfície do solo em relação às imagens anteriores à explosão. O software de comparação fornece uma cor com base na intensidade dessas modificações. Esta informação também é de grande valor para grupos de ajuda.

O resultado da colaboração internacional

Para este trabalho, dados de radar de abertura sintética (SAR) são analisados. Os instrumentos de SAR enviam pulsos de microondas em direção à superfície da Terra e recebem os reflexos dessas ondas. As ondas de radar podem penetrar a cobertura de nuvens, vegetação e escuridão da noite para detectar mudanças que podem não aparecer nas imagens de luz visível. Quando a crosta terrestre se move devido à um terremoto, quando a terra seca é repentinamente coberta pela água de uma enchente ou quando edifícios são danificados ou derrubados, a amplitude e a fase dos reflexos das ondas de radar mudam nessas áreas e informa ao satélite que algo mudou no solo.

Na última década, a NASA desenvolveu ativamente sua capacidade de compartilhar observações da Terra que podem melhorar a previsão, preparação, resposta e recuperação de desastres naturais e tecnológicos. Entre as tarefas realizadas encontram-se áreas com populações provavelmente expostas e com infraestrutura frágil, bem como áreas sujeitas a tensões e crises sociais. Os riscos são modelados e mapeados, ao mesmo tempo em que rastreiam emissões, detritos, danos à infraestrutura e outros efeitos como erupções vulcânicas, incêndios, acidentes industriais, terremotos e inundações.

É importante nesses tipos de uso de tecnologia que os países compartilhem informações que ajudem a gerar respostas rápidas que salvam vidas ou forneçam detalhes, que ajudem na reconstrução após grandes desastres. Qualquer ação precoce ajuda a prevenir mais mortes e a tomar melhores decisões.